MEGAPOST: As 100 musicas do Século.
Com mais de cinqüenta anos nas costas é obviamente impossível resumir a história do rock em apenas 100 canções. A nossa intenção com esse especial foi o de criar uma espécie de “curso instantâneo” para quem quer conhecer melhor o gênero e sua história (aos experts tentamos trazer novas histórias, abordagens e justificativas para a inclusão de cada música). Apesar do “rock” na chamada, “pop” cairia melhor já que a idéia aqui foi tentar mostrar as inúmeras ramificações pela qual o gênero passou (soul, rap, funk, disco, pós punk, progressivo, grunge, psicodélicos, bandas de garagem, reggae...) desde os anos 50. Assim a lista é abrangente o bastante para abraçar nomes famosos e outros nem tanto, bandas que gravaram uma grande música e desapareceram e outras que criaram tanta coisa marcante que foi difícil decidir qual (ou quais) canções deveriam entrar.
Tentamos também ser objetivos na criação da lista evitando que o gosto pessoal interviesse no resultado (assim se você sentir falta de alguma banda ou artista saiba que nós também deixamos inúmeros favoritos de fora). Ainda assim, quem souber ler nas entrelinhas vai ver que a relação tem na verdade bem mais que 100 canções.
Os 100 nomes são assim uma espécie de “consenso da crítica”, com artistas e músicas que sempre figuram em eleições de “melhores de todos os tempos” (o site www.rocklist.net foi uma das maiores fontes). O nosso dedo entrou mais na hora dos critérios, sendo o principal deles o de evitar ao máximo a repetição de nomes a não ser que ele fosse indispensável (os artistas com duas ou mais mudanças radicais de estilo em sua trajetória). Por esse mesmo critério não incluímos canções das carreiras solo de ex-membros de bandas já incluídas (o que justifica a ausência de John Lennon, Lou Reed e Iggy Pop, entre outros).
A inclusão das músicas baseou-se em diversos critérios para evitarmos uma listagem monótona. Por vezes escolhemos a música mais famosa, em outras a mais influente e em algumas situações a que acreditamos ser a melhor porta de entrada para o artista ou gênero.
Com todas as explicações dadas estamos abertos para críticas, dúvidas e sugestões. Mas, agora é hora de deixar de papo e irmos para: As 100 Músicas mais representativas da era do Rock!
http://www.vagalume.com.br/especiais/100-musicas-do-seculo.html#ixzz1I1jIRJHb
Tentamos também ser objetivos na criação da lista evitando que o gosto pessoal interviesse no resultado (assim se você sentir falta de alguma banda ou artista saiba que nós também deixamos inúmeros favoritos de fora). Ainda assim, quem souber ler nas entrelinhas vai ver que a relação tem na verdade bem mais que 100 canções.
Os 100 nomes são assim uma espécie de “consenso da crítica”, com artistas e músicas que sempre figuram em eleições de “melhores de todos os tempos” (o site www.rocklist.net foi uma das maiores fontes). O nosso dedo entrou mais na hora dos critérios, sendo o principal deles o de evitar ao máximo a repetição de nomes a não ser que ele fosse indispensável (os artistas com duas ou mais mudanças radicais de estilo em sua trajetória). Por esse mesmo critério não incluímos canções das carreiras solo de ex-membros de bandas já incluídas (o que justifica a ausência de John Lennon, Lou Reed e Iggy Pop, entre outros).
A inclusão das músicas baseou-se em diversos critérios para evitarmos uma listagem monótona. Por vezes escolhemos a música mais famosa, em outras a mais influente e em algumas situações a que acreditamos ser a melhor porta de entrada para o artista ou gênero.
Com todas as explicações dadas estamos abertos para críticas, dúvidas e sugestões. Mas, agora é hora de deixar de papo e irmos para: As 100 Músicas mais representativas da era do Rock!
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Com mais de cinqüenta anos nas costas é obviamente impossível resumir a história do rock em apenas 100 canções. A nossa intenção com esse especial foi o de criar uma espécie de “curso instantâneo” para quem quer conhecer melhor o gênero e sua história (aos experts tentamos trazer novas histórias, abordagens e justificativas para a inclusão de cada música). Apesar do “rock” na chamada, “pop” cairia melhor já que a idéia aqui foi tentar mostrar as inúmeras ramificações pela qual o gênero passou (soul, rap, funk, disco, pós punk, progressivo, grunge, psicodélicos, bandas de garagem, reggae...) desde os anos 50. Assim a lista é abrangente o bastante para abraçar nomes famosos e outros nem tanto, bandas que gravaram uma grande música e desapareceram e outras que criaram tanta coisa marcante que foi difícil decidir qual (ou quais) canções deveriam entrar.
Tentamos também ser objetivos na criação da lista evitando que o gosto pessoal interviesse no resultado (assim se você sentir falta de alguma banda ou artista saiba que nós também deixamos inúmeros favoritos de fora). Ainda assim, quem souber ler nas entrelinhas vai ver que a relação tem na verdade bem mais que 100 canções.
Os 100 nomes são assim uma espécie de “consenso da crítica”, com artistas e músicas que sempre figuram em eleições de “melhores de todos os tempos” (o site www.rocklist.net foi uma das maiores fontes). O nosso dedo entrou mais na hora dos critérios, sendo o principal deles o de evitar ao máximo a repetição de nomes a não ser que ele fosse indispensável (os artistas com duas ou mais mudanças radicais de estilo em sua trajetória). Por esse mesmo critério não incluímos canções das carreiras solo de ex-membros de bandas já incluídas (o que justifica a ausência de John Lennon, Lou Reed e Iggy Pop, entre outros).
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Fonte
- Elvis Presley: That's All Right, Mama
Ou a pedra fundamental do rock 'n roll. A história de That's All Right, Mama já virou lenda. Conta-se que no intervalo de uma de suas primeiras gravações, em 5 de julho de 1954, Elvis começou a brincar com uma antiga canção country no que foi seguido pelo pessoal da banda. Sam Philips, o produtor e dono dos estúdios Sun, perguntou o que era aquilo e pediu para eles não pararem. Surgia ali o misto de country e blues que viraria o rock'n'roll e Philips provou que estava certo quando disse que se encontrasse um branco que cantasse como negro ficaria rico.
- Little Richard: Tutti Frutti
Mais que uma música um grito de guerra selvagem e primal. Tutti Frutti representa bem o que era Richard nos anos 50: o primeiro rock star sexualmente ambíguo, um homem que causava polêmica e escândalo e que com isso obviamente conquistava fãs. Poucos anos depois o cantor se convenceu que o rock era coisa do diabo e tornou-se pastor (foi ele quem casou Bruce Willis e Demi Moore entre outras celebridades). Hoje em dia ele já encontra-se em paz consigo e sua obra e segue tocando seus velhos hits pelo mundo.
- Buddy Holly: That'll Be The Day
Se o rock dos anos 50 era rude e cru, Holly era o oposto disso. Buddy Holly preferia fazer canções mais melodiosas com raízes fortes no country e no pop das décadas anteriores. Ele também foi o primeiro roqueiro com pinta de nerd, com seus óculos de lente grossa e cara de bom moço. Por isso pode-se falar que foi ele que abriu caminho para o surgimento do conceito de “pop/rock”. Buddy Holly, com sua banda The Crickets, também criou o formato básico de uma banda de rock: duas guitarras, baixo e bateria. Dentre as poucas gravações que deixou em vida, That'll Be The Day é uma das mais felizes, mas discoteca nenhuma está completa sem uma boa coletânea dele com outros sucessos como Peggy Sue e Oh Boy. Holly aparentava ter um futuro brilhante, mas tudo se interrompeu no dia 3 de fevereiro de 1959 quando ele perdeu sua vida no mesmo acidente aéreo que matou Ritchie Vallens. Paul McCartney, era tão fã, que anos mais tarde veio a comprar os direitos de suas canções.
- Chuck Berry: Johnny B. Goode
Berry talvez só perca para Jimi Hendrix no quesito guitarrista mais influente do pós guerra. Seus riffs e trejeitos foram imitados, aumentados e, por vezes, até aperfeiçoados, mas jamais igualados. Berry também se mostrou um dos melhores letristas do rock com suas histórias cheias de malandragem que atingiam o coração de teens ao redor do planeta. É difícil selecionar só uma canção para representá-lo, mas Johnny B. Goode cumpre a tarefa, pois mais do que um grande hit ela se tornou um verdadeiro standart do rock, tendo sido interpretada desde então por um sem número de artistas e bandas, assim como outras canções dele como Roll Over Beethoven, Rock And Roll Music e tantas outras.
- Ray Charles: What'd i Say
Antes havia o sagrado (a música Gospel) e o profano (o Blues). Ray Charles, que era cego desde a infância, numa tacada de gênio juntou as duas coisas em um só e criou o Rhythm 'n Blues que iria evoluir e se tornar nos anos seguintes a soul music. What'd i Say, tinha 8 minutos originalmente e acabou dividida em duas partes no compacto. Outras duas versões foram feitas para agradar aos lojistas e pessoal de rádio. O resultado compensou, já que esse foi o primeiro disco de Ray a vender 1 milhão de cópias. em 2004 a atribulada vida de Ray virou filme e Jammie Fox levou o Oscar de melhor ator por sua interpretação.
- The Shirelles: Will You Still Love Me Tomorrow?
Os grupos de garotas foram uma das manias no início dos anos 60 que até hoje rende frutos e filhotes. As Shirelles fizeram grande sucesso com essa canção de Carole King (na década de 70 ela regravou a música em uma versão tristíssima e também antológica em seu clássico disco Tapestry). Além da melodia e do arranjo cativantes, o que chamava a atenção era a letra de temática feminista, bastante ousada para a época, ao contar a história da garota que ouvia os maiores elogios do parceiro e depois se perguntava se ”amanhã ele ainda a amaria”.
- Roy Orbison: Crying
Nos anos 50 Roy gravou muito rockabilly para a Sun Records. Mas foi só quando se tornou baladeiro é que sua carreira engrenou. Suas canções eram deliciosos pequenos dramas que ganhavam muito com seus falsetes. Roy gravou outros clássicos do pop como In Dreams e Oh Pretty Woman, mas Crying é mesmo sua obra prima, capaz de levar não só o personagem da canção, mas qualquer um às lágrimas.
- Ronettes: Be My Baby
Entre o fim da primeira era do rock e o surgimento dos Beatles, quem tinha poder mesmo eram os produtores mais do que os intérpretes. E nenhum produtor foi mais famoso e influente que Phil Spector. Aqui ele pôs a prova a sua “parede de som” que consistia em empilhar um sem número de instrumentos criando uma massa sonora de forte impacto. Be My Baby, hit até hoje, foi um dos mais bem acabados exemplos de suas “Sinfonias para os adolescentes” e serve para mostrar como todas as fases de uma música são importantes para um resultado satisfatório: a composição, a escolha certa do intérprete, a gravação, a produção adequada e por fim a mixagem.
- Kingsmen: Louie Louie
Há quem diga que rock não precisa de sofisticação e que por vezes é melhor que não tenha nenhuma mesmo. Para os defensores dessa tese isso nunca isso foi tão claro quanto nesse verdadeiro hino gravado e regravado á exaustão por inúmeros artistas das mais diversas envergaduras (roggs, The Kinks, Iggy Pop são só alguns deles). Essa aqui é a versão mais clássica, gravada pelos Kingsmen, que dali despontou para o anonimato. Tudo bem, eles já tinham deixado sua marca na história com essa típica canção que qualquer pessoa consegue tocar. Por isso mesmo ela é sempre uma das primeiras que várias bandas inciantes tocam quando estão começando.
- The Beatles: A Hard Day's Night
Sintetizar a carreira dos Beatles em poucas canções é tarefa dura. A Hard Day's Night entra aqui pelo frescor que ainda exala mesmo após mais de 40 anos; pelo acorde inicial de guitarra, que até hoje arrepia fãs de todo o mundo, e porque sempre vai estar ligada às cenas inicias do filme de mesmo nome, a melhor descrição do que foi a Beatlemania. Da mesma forma poderíamos lembrar de All My Loving, Help!, She Loves You, Yesterdayou I Wanna Hold Your Hand, todas gravadas entre 63 e 65 ainda na primeira fase da banda. E há ainda quem se pergunte por que eles foram tão grandes.
- The Kinks: You Really Got Me
Os Kinks eram a banda de Ray Davies, um dos grandes crônicos da vida social inglesa e compositor de mão cheia. No decorrer dos anos 60 (e também 70 e 80), ele também criou óperas rock, baladas antológicas e brigou muito com seu irmão mais novo Dave Davies. Mais que isso, para muitos ele criou o heavy metal em 1964, ao lançar esses três minutos de energia em estado bruto. Segundo a lenda quem toca o solo é Jimmy Page – antes de formar o Led Zeppelin ele era músico de estúdio - mas Page até hoje não confirma ou desmente a história preferindo manter o mistério.
- Sam Cooke: A Change is Gonna Come
Para muitos, Rod Stewart por exemplo, Sam Cooke foi o maior cantor que já pisou nesse planeta. Cooke morreu assassinado em 11 de dezembro de 1964. Poucos dias antes havia gravado esse clássico, bastante influenciado pela música de protesto de Bob Dylan e que seria muito usada em manifestos pelos direitos civis da população negra norte-americana. A Change... que marcava uma guinada na direção da carreira de Cooke (muitas vezes acusado de estar diluindo sua música para o público branco) acabou sendo seu epitáfio ao invés de um novo começo.
- Righteous Brothers: You've Lost That Lovin' Feeling
Uma das canções mais executadas da história, You've lost... é um épico de quatro minutos, (que no selo trazia uma duração de 3:05 para não assustar os radialistas) mais uma vez produzido por Phil Spector e interpretado por Bill Medley e seu barítono inigualável.
- Rolling Stones: (I Can't Get No) Satisfaction
Existem músicas e existem hinos, canções que marcam toda uma geração e continuam fazendo sentido para quem vem depois. Assim é Satisfaction, uma música que pode-se ouvir sem parar e mesmo assim não ficar cansado dela. Satisfaction além de ter se tornado talvez o maior clássico do rock, serviu para mostrar que o quinteto inglês não era mais uma entre as tantas bandas britânicas que estavam conseguindo emplacar nos Estados Unidos na cola dos Beatles. Ao contrário de muitos grupos, os Rolling Stones tinham um som e temática próprios, além de talento e arrogância em quantidades suficientes para lhes garantir um lugar ao sol mesmo quando a chamada invasão inglesa chegasse ao fim.
- The Byrds: Mr. Tambourine Man
O Byrds foi a banda americana que mais revoluções causou no panorama pop de sua época. Esse foi o primeiro compacto deles e ajudou a misturar dois mundos que vivam separados: o da música folk, reduto de universitários politizados e sem muita paciência para as frivolidades do pop e o mundo do rock, representado principalmente pelos Beatles, então em seu auge. Mr. Tambourine Man, levou os Byrds,e Bob Dylan, o autor da canção, ao primeiro lugar das paradas e daria início a uma carreira repleta de grandes momentos como veremos mais abaixo.
- Smokey Robinson: The Tracks Of My Tears
Se até Bob Dylan disse que Smokey Robinson era o maior letrista vivo, quem somos nós para discordar? Ao lado dos Miracles, Robinson forjou o que ficou conhecido como “som da Motown”, a saber, uma música negra doce e rica em melodia, em contraste com o som mais rude e cru que sempre foi o preferido pelos fãs e músicos de black music. Com essa fórmula, a Motown tomou conta dos anos 60 com a sua conhecida “linha de montagem” (a gravadora ficava em Detroit a terra das montadoras). Tudo ali era estudado: o figurino, a postura do artista e qual o compositor certo para cada cantor ou grupo. Todos acompanhados pela banda da casa, os Funk Brothers. Robinson escapava um pouco dessa linha porque sabia cantar como poucos, compor como outros menos ainda e também por ser vice-presidente da companhia. The Tracks Of My Tears é o seu ápice como artista. Em cima da melodia perfeita, Robinson conta a história do rapaz triste que se esconde por trás de uma máscara de felicidade.
- Bob Dylan: Like A Rolling Stone
“Existem artistas que falam por sua geração”. Foi assim que Jack Nicholson apresentou Bob Dylan no Live Aid de 1985. Entrar no mundo de Dylan pode ser difícil: as letras são gigantescas, a voz anasalada não ajuda e até para quem fala inglês muito bem pode ser difícil de captar todas as imagens de suas letras. Mas quando você entra nesse planeta dificilmente sai. Essa canção é uma excelente porta de entrada para esse mundo: seja pela linha de órgão criada no improviso por Al Kooper, pela melodia forte que não cansa, apesar dos mais de seis minutos e pela interpretação carregada de Dylan falando da madame que vira mendiga. Dylan gravou vários discos e músicas fundamentais antes e depois desse compacto de julho de 1965, mas aqui mais do que uma simples canção a gente fala de um acontecimento que marcaria a história da arte no século 20. A revista Rolling Stone a elegeu a melhor música da história do rock e a inglesa Uncut a considereou o maior acontecimento da cultura pop dos últimos 50 anos.
- The Beach Boys: California Girls
Os Beach Boys foram das poucas bandas americanas a fazer frente aos Beatles na década de 60. As composições de Brian Wilson no começo falavam de surf, garotas e carrões em um momento em que, pensava-se, a vida seria sempre um mar de rosas. Em 1965 Brian sofreu um colapso mental e decidiu não se apresentar mais com a banda para se dedicar apenas ao trabalho em estúdio. A decisão foi acertada, já que California Girlsmostrava uma sofisticação impensada para quem conhecia os primeiros discos do grupo. Duas curiosidades: a introdução da canção é considerada por Brian o melhor trecho de música escrito por ele e em 1985 David Lee Roth, o ex-vocalista do Van Halen, gravou uma versão com bastante sucesso, que contava com a participação do próprio Brian Wilson nos vocais de apoio.
- The Temptations: My Girl
Além de cantor e performer, Smokey Robinson era um dos principais compositores da Motown. Ninguém tirou mais proveito de suas canções que os Temptations, o grupo de música negra mais popular dos EUA nos anos 60. Dentre os inúmeros hits que o grupo teve, My Girl brilha. Uma canção capaz de cativar sucessivas gerações de ouvintes graças à combinação perfeita de letra e melodia. Na segunda metade dos anos 60, a banda passou a gravar discos de “soul psicodélico” com o produtor Norman Whitfield em outra fase rica que rendeu hits como Papa Was A Rolling Stone e Cloud Nine.
- The Who: Substitute
O The Who surgiu no início dos anos 60 e logo se tornou a principal banda Mod da Inglaterra (os mods gostavam de soul music, boas roupas, lambretas e de arrumar briga com os suburbanos rockers). Antes de descobrir a ópera rock, Pete Towshend, o guitarrista e autor de 98% das músicas, era o rei dos compactos. Quase todos os singles que ele compôs para o Who nos anos 60 são antológicos. Na verdade pelo menos I Can See For Miles e My Generation deveriam também estar aqui (além de Won't Get Fooled Again sobre a qual já já falamos mais). Mas como o espaço é curto ficamos com esse perfeito exemplo de canção curta, grossa e capaz de levar o ouvinte para um outro estado de espírito.
- Ike and Tina Turner: River Deep, Mountain High
O último grande momento de Phil Spector e o fim de uma era. Dessa vez ele contratou Tina Turner a peso de ouro (Ike Turner o marido, parceiro musical e espancador de esposa, ficou só olhando) e por meses trabalhou no que seria a sua maior criação. Em partes ele conseguiu seu feito, pois poucas músicas na história do pop são tão celebradas. O problema é que, apesar de ter atingido a terceira posição na parada britânica, o disco foi um gigantesco fracasso na América. Terminava ali a era dos produtores e Phil nunca mais se recuperaria apesar de ter gravado discos com John Lennon e George Harrison. Já Paul McCartney nunca perdoou o arranjo sentimental feito por ele para The Long And Winding Road no disco Let it Be dos Beatles. Ike and Tina Turner seguiram fazendo nos anos 60 e começo dos 70 um dos melhores shows que já se teve notícia. Um dia Tina se cansou dos abusos do marido e fugiu só com a roupa do corpo. Após anos difíceis ela conseguiu se reerguer para se tornar uma das maiores estrelas pop dos anos 80.
- The Byrds: Eight Miles High
Ao contrário do que se pensa, essa não é uma música sobre drogas. Mas fica difícil acreditar na história de que ela só fala sobre a primeira turnê dos Byrds pela Inglaterra. Tanto que a música na época foi banida em boa parte das rádios americanas. Se a letra em tese não fazia nenhuma alusão ao LSD, a música realmente parecia ter sido feita após uma grande viagem, especialmente por conta dos solos de guitarra de Roger McGuinn, inspirados diretamente na música do saxofonista John Coltrane. Eight Miles High é considerado o primeiro single psicodélico, influenciaria boa parte da música que foi ouvida no mundo nos anos seguintes e segue soando moderna e instigante.
- The Beatles: Strawberry Fields Forever
Cansados das fãs barulhentas e de todo o caos que os circundava, os Beatles decidiram parar de tocar ao vivo e se concentrar apenas nas sessões de gravação. A partir dali a banda iria se dedicar a compor e a experimentar drogas e novas técnicas de estúdio. Strawberry Fields Forever mostra esse novo lado deles, numa composição onde John Lennon relembra sua infância – Strawberry Fields era um orfanato onde ele brincava - em cima de uma melodia que soa ao mesmo tempo familiar e estranha. O mais engraçado é saber que o compacto (que também tinha Penny Lane do outro lado) hoje considerado um dos cinco ou dez fundamentais do rock, foi o primeiro do grupo em muito tempo a não atingir o primeiro lugar da parada inglesa.
- The Kinks: Waterloo Sunset
Mais característica do som dos Kinks essa balada melancólica é uma das músicas mais queridas pelos ingleses que costumam colocá-la nas primeiras posições quando fazem suas listas de “melhores compactos da história”. Essa ode ao jeito inglês de se viver mostra o porquê da banda de Ray Davies fazer parte do "quarteto fantástico" inglês com os Beatles, Rolling Stones e The Who.
- Velvet Underground: Venus In Furs
Em 1967 o mundo era só paz, amor e flores no cabelo, quer dizer, menos para esses Nova Iorquinos que preferiam cantar sobre traficantes, heroína, paranóia ou, como nessa canção, sado-masoquismo. Tudo regado a muita dissonância, barulhos diversos e, sim, até boas melodias pop. O primeiro disco do Velvet não vendeu nada em sua época, mas, como costuma ser dito, quem o comprou montou uma banda. O grupo de Lou Reed (eJohn Cale que saiu depois do segundo LP para se tornar artista solo e produtor) foi pra lá de visionário, já que o punk, o pós punk e os estilos dali derivados, jamais teriam existido sem a banda. Ainda assim na época com poucas vendas a banda sucumbiu. Felizmente um dos grandes fãs do grupo era David Bowie e foi ele quem tirou Lou Reed do limbo no início dos anos 70, produzindo seu disco mais famoso, Transformer.
- Jimi Hendrix: Purple Haze
Existem guitarristas e existe Jimi Hendrix. Até hoje ninguém conseguiu fazer tanto pelo instrumento em tão pouco tempo, já que ele morreu com meros 27 anos. Jimi experimentou timbres, efeitos e tocava muito, quer dizer MUITO. Na verdade ele achava mais legal gravar longas faixas experimentais, mas seu empresário Chas Chandler, dizia que seria mais jogo se ele, e sua banda, o Experience, lançassem músicas mais concisas que pudessem tocar na rádio. Purple Haze acaba servindo a todas as partes, já que poucas músicas tão inventivas e ousadas como essa chegaram às paradas desde então. Hendrix também quebrou barreiras raciais, já que ele nunca se preocupou em separar negros e brancos - fosse no palco, na platéia ou em sua música, que era livre para ir do funk, blues e soul até o folk, jazz, pop ou o rock psicodélico.
- The Beach Boys: Good Vibrations
Depois de ouvir Rubber Soul, o líder dos Beach Boys ###ARTISTA##Brian Wilson### decidiu que sua missão era a de superar os Beatles. Pet Sounds foi o resultado direto dessa competição e ele podia se gabar de ter conseguido seu intento já que o trabalho resultou em um dos melhores, se não o melhor, discos de rock da história. Pet Sounds era para ter sido um começo. As ambições de Wilson atingiriam o ápice com Good Vibrations, o compacto que tomou as paradas de assalto em 1967. Gravado a um custo astronômico em diversos estúdios, a faixa seria a peça central do disco Smile. Infelizmente tomado por uma paranóia gigantesca que debilitou de vez o já frágil Wilson, Smile acabou abortado antes de seu término e os Beach Boys nunca mais teriam o mesmo sucesso. 37 anos depois Wilson resolveu enfrentar seu maior fantasma e em 2004 ele finalmente resolveu gravar e lançar Smile tal como ele imaginou nos anos 60. Público e críticos concordaram que a espera valeu a pena.
- Jefferson Airplane: White Rabbit
São Francisco foi o berço da psicodelia. De lá saíram inúmeras bandas afeitas a longas viagens instrumentais (geralmente servindo de trilha sonora para as viagens de ácido da galera). Em meio a nomes como Grateful Dead, Moby Grape, Big Brother and the Holding Co. (que revelaria Janis Joplin) e Quicksilver Messenger Service, brilhava o Jefferson Airplane responsáveis por bons discos além dessa música com seu ritmo oriental e a letra tão direta quanto se podia ser em 1967 ("uma pílula te deixa grande e outra pequeno, mas as que a suas mãe te dá não fazem nada") que chegou no top 10 americano. A revista inglesa Mojo a elegeu a melhor canção sobre drogas já escrita.
- The Doors: Break On Through
Assim como o Velvet Underground, os Doors tinham um fascínio pelo lado oculto da vida. Mas se a banda de Lou Reed passou anos no ostracismo, os Doors do vocalista Jim Morrison se tornaram muito populares, tocando para garotinhas histéricas e se apresentando no Ed Sullivan Show. Jim tinha um comportamento errático por conta do abuso de substâncias lícitas e ilícitas. Sendo assim a banda era capaz de gravar grandes músicas e discos de material inferior. Break On Through obviamente entra na primeira lista, com a batidinha bossa-nova preparando a chegada do órgão de Ray Manzareck e a clássica entrada de Morrison: "You know the day destroys the night...". Os excessos custaram a vida de Jim que morreu em 1971, os sobreviventes tentaram continuar mas desistiram após gravarem dois discos que, até hoje, quase ninguém ouviu. O legado por sua vez só aumentou seja na influência direta exercida em bandas como The Cult ou Echo and the Bunnymen ou com os jovens fãs que conheceram a banda pelo filme biográfico dirigido nos anos 90 por Oliver Stone.
- Procol Harum: A Whiter Shade of Pale
Mais um caso de "se essa banda só tivesse feito essa música já teria valido". A Whiter Shade of Pale tomou conta do planeta em 1967. A letra enigmática, a interpretação de Gary Broker e, especialmente, o solo de órgão descendente direto de Bach tornaram a música uma das mais tocadas não só da época como da história. Depois desse grande sucesso, a banda tentou, sem conseguir, emplacar outro single (Homburg) e lançou discos que passaram despercebidos pelo grande público, mas são bastante estimados pelos fãs de rock progressivo.
- Aretha Franklin: Respect
Otis Redding compôs e gravou essa música primeiro e disse após ouvir a versão de Aretha Franklin que ela tinha roubado-lhe a música. Aretha pode ser considerada a maior cantora da história da música pop. Até hoje milhares de aspirantes tentam chegar no seu nível de interpretação e alcance vocal em vão. Um verdadeiro hino feminista, Respect demonstra bem os poderes dela e de todos que a circundavam (o time de ouro da gravadora Atlantic - gente como os produtores Jerry Wexler Tom Dowd e Arif Mardin, a Muscle Shoes band...). Fãs de cantoras como Mariah Carrey ou Whitney Houston fariam por bem em conhecer os trabalhos da cantora. Especialmente os gravados entre 1967 e 1973.
- Otis Redding: Sitting On The Dock Of The Bay
Representante maior do soul da Stax, bem mais cru e pesado que o da Motown, Otis Redding estava pronto para se tornar não só um cantor de sucesso, como uma mega-estrela. Sua participação no Festival de Monterey tinha deixado todos de boca aberta e o sonhado crossover (quando um artista consegue transpor o seu nicho de mercado) acenava. Tudo isso acabou no dia 9 de dezembro de 1967 quando Otis morreu em um acidente aéreo logo após o término da gravação dessa música. Sitting On The Dock Of The Bay saiu poucos dias depois e atingiu o primeiro posto da parada americana. E assim como anos antes acontecera com Sam Cooke o que era pra ser o início de uma nova fase tornou-se o epitáfio de uma das maiores vozes da música norte-americana.
- The Beatles: Hey Jude
Passada a onda psicodélica os Beatles voltaram a um som mais básico mas nem por isso menos rico. Hey Jude escrita por Paul McCartney para o filho de John, Julian Lennon, foi além do primeiro lançamento da Apple, o selo da banda,o compacto mais vendido da carreira deles, mesmo tendo mais de 7 minutos. O compacto Hey Jude/Revolution marcou o início da fase final da banda, onde as músicas eram escritas em separado e os estilos dos compositores ficava mais proeminente: Lennon cada vez mais raivoso e politizado e McCartney mais introspectivo, esperançoso e baladeiro. George Harrison correria por fora e também iria contribuir com grandes canções para o repertório do grupo, notadamente em Something, que hoje só perde para Yesterday em número de regravações.
- The Zombies: Time Of The Season
Os Zombies começaram ainda na primeira metade dos anos 60 fazendo um som que mesclava Beatles com as viagens do órgão de Rod Argent. Em 1967 eles gravaram Odessey and Oracle - hoje presença obrigatória nas listas de grandes discos já feitos - e duas semanas depois se separaram, cansados da falta de sucesso. O disco só acabou saindo porque o influente Al Kooper implorou à gravadora. O resultado? Time Of The Seasonchegou ao número 1 da parada americana e se tornou a música tema de 1968 (sua levada inspiraria os Mutantes a criarem Ando Meio Desligado). Mesmo com todo esse sucesso o grupo decidiram não retornar e até hoje fãs se perguntam o que mais eles poderiam ter criado com um pouco mais de tempo... e sorte.
- Marvin Gaye: I Heard It Through The Grapevine
Marvin Gaye foi mais um nome que fez história dentro da Motown. No começo ele gravava o soul típico da gravadora, repleto de cordas e belas melodias. I Heard through the Grapevine contou com a produção moderna de Norman Whitfield e além de ter marcado um novo ponto de partida para Marvin Gaye se tornou o compacto mais vendido da história do selo. Interessante é saber que a canção a princípio tinha sido colocada dentro de um álbum de Marvin apenas para preencher espaço até ser descoberta por um radialista de Chicago. Outra: antes de ganhar sua versão definitiva a música foi gravada por Gladys Knight que a levou para o segundo lugar da parada americana.
- Creedence Clearwater Revival: Fortunate Son
O Creedence era o veículo de John Fogerty que resolveu levar o rock de volta às suas origens no blues, rockabilly e r'n'b e tendo o compacto como veículo de expressão fundamental. Assim ele tornou a sua banda uma das mais importantes e lucrativas de sua era. Fogerty lançava música atrás de música (só em 1969 foram 3 Lps) e elas sem erro iam parar nos postos mais altos da parada. Entre suas músicas mais antológicas estãoProud Mary, Have You Ever Seen The Rain? e muitas outras que até hojem fazem sucesso em rodas de violão, barzinhos e rádios de classic rock. Entre todas essas Fortunate Son foi a sua grande obra-prima. Um raivoso manifesto anti Vietnã que lembrava que muitos iam para a guerra por não terem as costas quentes.
- Elvis Presley: Suspicious Minds
Nos anos 60 Elvis perdeu terreno para os artistas da Invasão britânica e para outros gêneros que tomaram forma na década (como o soul dos selos Motown e Stax e o folk de protesto). Presley seguia o conselho do Coronel Parker, seu empresário, que dizia que rock era coisa passageira e sugeriu que ele se concentrasse no cinema. Por isso, ele nunca mais havia pisado em um palco desde o fim da década de 50. Em 1968 ele resolveu voltar a ser o Rei. Gravou um especial para TV que ficou conhecido como "O show da volta" e retornou à Memphis para gravar nos estúdios Muscle Shoals. Lá registrou um punhado de canções repletas de soul, country e blues que viraram o disco "From Elvis in Memphis". Dentre essas uma se destacou logo de cara, era Suspicious Minds que o colocou novamente no primeiro lugar da parada.
- The Band: The Night They Drove Old Dixie Down
Diz-se que The Band foi a melhor banda de rock... do século XIX. Esse grupo de maioria canadense realmente parecia viver em outra era e, por mais estranho que pareça, é isso que ainda hoje os torna tão atemporais e frescos. Antes de virarem "A Banda" os membros do grupo haviam, entre outras coisas, acompanhado Dylan em sua polêmica turnê de 66, quando ele abandonou a gaita e violão para partir para o rock'n'roll e ganhou em troca uma chuva de vaias por onde passou. Também ao lado de Dylan eles gravaram em 1967 as célebres Basement Tapes (uma série de gravações caseiras repletas de folk, blues, humor e rusticidade, isso quando o resto da realeza do rock abraçava o psicodelismo, que era futurista e colorido por definição). Em 68 eles chegaram ao primeiro álbum e criaram todo um movimento de “volta às raízes” e vida bucólica. O segundo disco foi ainda melhor e é dele que vem The Night They Drove Old Dixie Down, canção de forte carga emocional que conta um episódio da guerra da Secessão do ponto de vista dos sulistas.
- Led Zeppelin: Whole lotta love
Passada a onda psicodélica algumas bandas voltaram para o rock mais básico enquanto outras preferiram seguir viajando. Desse embate nasceriam dois dos estilos que definiram os anos 70: o rock progressivo e o hard rock/heavy metal. O Led deu seqüência às idéias do Cream de Eric Clapton e de Jimi Hendrix: um som pesado e com forte influência do blues americano. A essa receita o líder e guitarrista Jimmy Page acrescentou umas pitadas de música celta, um baterista mosntruoso (John Bohan falecido em 1980, selando o fim da banda) e um baixista quietinho mas muito talentoso chamado John Paul Jones. Ah tinha também o vocalista e sex symbol Robert Plant e seu jeitão de hippie e fã do “Senhor dos Anéis”. Some a isso um empresário brutamontes (que chegava a cobrar 90% da bilheteria dos shows) e o resultado não poderia ser diferente: O Led Zeppelin se tornou a maior banda dos anos 70, mesmo com a crítica toda caindo de pau (coisa difícil de se acreditar hoje em dia). Selecionar uma ou duas músicas do grupo também é tarefa complicada. Stairway To Heaven talvez até fosse a escolha mais óbvia, mas é em Whole lotta love que se cristaliza o som da banda com o vocal gritado, o riff que todo guitarrista mais cedo ou mais tarde aprende a tocar e a parte final com o uso do Theremin selando a mistura de passado e futuro. Detalhe: o Zeppelin tinha o "hábito" de roubar antigos blues e renomeá-los (sem dar crédito nenhum para os autores). Para muitos a música é somente uma versão turbinada de um antigo blues gravado por Muddy Waters You Need Love. A semelhança fez com que o compositor Willie Dixon ganhasse parceria na música.
- Sly And The Family Stone: I Want To Take You Higher
Sly Stone foi pioneiro na integração entre música e músicos negros e brancos. Ao lado da Family Stone ele forjou um som único que misturava soul, funk, pop e rock em uma série de ábuns e compactos importantíssimos. A sua faixa que ficou mais célebre é essa aqui, especialmente depois dela ter entrado no documentário sobre Woodstock - onde a banda fez para muitos o melhor show de todo o evento.
- The Stooges: 1969
Ser adolescente nos EUA em 1969 não devia ser fácil. O fantasma do Vietnã rondando a casa, os Beatles se esfacelando, o pessoal se ligando que esse papo de paz e amor não ia levar a nada. Foi nesse clima que os Stooges surgiram para total incredulidade da comunidade rock. Ali estavam 4 moleques que mais pareciam um bando de doentes mentais, loucos por drogas fazendo algo que alguns anos depois se chamaria punk rock. O grupo original deixou apenas dois discos e um rastro de destruição, drogas, brigas e corações partidos no meio do caminho. Entre as suas canções essa diz muito sobre as suas intenções: "É 1969, outro ano para os USA, outro ano para mim e você, outro ano sem nada pra fazer". Apesar de tamanho niilismo, eles acabaram fazendo bem mais que a maioria dos mortais. Com o fim da banda apenas Iggy Pop conseguiu manter (aos trancos e barrancos) a sua carreira. Em 2005 ele reuniu os irmãos Asheton (Ron e Scott - guitarra e bateria), sobreviventes da formação original, e os colocou novamente na estrada com direito a passagem pelo Brasil e tudo.
- David Bowie: Changes
Bowie foi o artista símbolo da década de 70. Entre suas inúmeras canções essa é a que melhor o sintetiza, principalmente pelo refrão: "Mudanças: vire-se e encare o desconhecido", já que foi isso que ele sempre fez por toda a sua carreira: arriscou-se em gêneros e personagens sem saber como sairia no final. Changes foi gravada em Hunky Dury de 1971, o último disco lançado antes dele dominar a Inglaterra com o álbum e personagem Ziggy Stardust que abriu as portas para o glam rock. Dali em diante Bowie esteve livre para atirar para todos os lados: voltou ao passado em um disco de covers, descobriu a música negra norte americana, abriu caminhos para a eletrônica e a world music e com Let's dance, de 1983 atingiu em cheio o mercado americano. Tudo isso até chegar ao personagem dos dias de hoje, o cara cool, em paz com seu passado e antenado nas bandas e tendências artísticas mais legais e inovadoras.
- Nick Drake: Northern sky
Em seus poucos anos de vida Nick Drake não pôde desfrutar do sucesso, pois morreu com apenas 26 anos (não se sabe se por overdose acidental de anti-depressivos ou suicídio mesmo) em 1974. Seu legado foi de apenas três discos e um punhado de canções inéditas. Com o passar dos anos as suas delicadas composições foram atraindo um séquito cada vez maior de admiradores e influenciando muita gente no caminho (Renato Russo, que já havia gravado Clothes of sand pretendia fazer um disco inteiro com suas músicas). A carreira de Drake se beneficiou de um fato interessante e que deveria sempre ser posto me prática: Sua gravadora sempre manteve seus discos em catálogo mesmo com pouca vendagem, o que manteve o seu nome em voga por gerações sucessivas. A linda Northern sky está presente em "Bryter Layter" o segundo disco e o mais indicado para se entrar em seu universo, pelos arranjos mais elaborados e por ser um trabalho mais para cima- até onde isso é possível- que seu disco anterior (Five Leaves Left) e o posterior - o soturníssimo Pink Moon.
- Simon & Garfunkel: Bridge Over Troubled Water
A dupla Simon & Garfunkel, já vinha de uma série de bons e bem sucedidos discos. Mrs. Robinson havia entrado na trilha de "A Primeira Noite de um Homem" e a dupla já era famosa no mundo todo. No fim dos anos 60 os dois começaram a tomar rumos distintos e por isso o Lp Bridge over Troubled Water demorou dois anos para ser completado. Quando foi para as lojas ele se tornou o maior sucesso da dupla, passando 10 semanas no topo das paradas e vendendo mais de 13 milhões de cópias ao redor do globo. A canção título se tornaria não só um hit, mas um monumento. Aquela música que transcende gêneros, barreiras e gerações, muito por conta da interpretação emocionante de Art Garfunkel e da letra no melhor estilo "ofereço-te uma mão amiga". Logo depois os dois se separaram. Paul Simon prosseguiu só em uma carreira de sucesso e vários momentos de brilhantismo. Art Garfunkel se deu menos bem como artista solo, mas se descobriu um tremendo ator.
- James Brown: Sex Machine
Até o surgimento de Michael Jackson não teve para quase ninguém. A maior estrela da música negra mundial era James Brown, o rei dos apelidos (Mr Dynamite, O cara que mais dá duro no showbusiness). Nos anos 60 Brown lançou vários compactos que se tornaram clássicos e hits eternos em pistas de dança como I Feel Good ou Papa's Got A Brand New Bag além de ter lançado aquele que é considerado o maior disco ao vivo já feito: Live at the Apollo Theater de 1963. No fim da década o cantor tramou sua segunda revolução: ao invés de fazer canções na acepção clássica do termo, ele resolveu limar quase tudo referente á harmonia e melodia e jogar todo o foco no rítmo da bateria e do baixo. Nascia ali o funk e estava aberto o caminho para o surgimento do rap anos depois (não a toa ele semrpe foi o campeão de samples no mundo do hip hop). Sex Machine é o melhor exemplo dessa nova maneira de se fazer música.
- Black Sabbath: Paranoid
Há quem amaldiçoe o Black Sabbath por ter criado, praticamente sozinho, o Heavy-Metal. Já uma horda de adolescentes espinhentos sempre estarão prontos a ajoelharem-se perante Ozzy Osbourne, Tony Iommy e cia. Exemplo clássico de banda desdenhada pelo público dito "sério" em seu tempo, o grupo viria a ser considerado um dos mais importantes e influentes de todo o rock. Os temas sobre ocultismo, o carisma de Ozzy, os riffs poderosos de Iommy, tudo contribuía para um som pesado, soturno e viciante que às vezes até emplacava nas paradas de rádio, como é o caso de Paranoid, a única da banda a figurar no top 5 inglês e desde então, clássico incontestável.
- Derek And The Dominos: Layla
O guitarrista Eric Clapton já tinha feito história nos anos 60 como membro dos Yardbirds, dos Bluesbreakers de John Mayall e principalmente do Cream e era chamado de Deus (da guitarra, é bom frisar). Na década seguinte ele se tornaria um artista solo de grande sucesso, emplacando vários discos nas paradas. Em 1970 o guitarrista formou o Derek and the Dominos com alguns amigos e o guitarrista Duane Allman dos Allman Brothers.Layla é uma apaixonada declaração de amor para Patty Boyd – a saber, a ex-mulher de George Harrison e futura senhora Clapton - que costuma brincar dizendo que duas das maiores canções de amor do rock: essa, e Something, foram feitas para ela . Problemas com álcool e drogas acabaram prematuramente com o Derek and Dominos e só Clapton escapou ileso. Duanne morreu em 1971 num acidente de moto, o baixista Carl Raddle foi vítima de envenenamento por álcool e o baterista Jim Gordon terminou preso em 1984 pelo assassinato de sua própria mãe. Apesar de tanta desgraça tanto essa música, quanto o resto do único disco de estúdio deixado pelo grupo, são de uma grande felicidade.
- The Who: Won't Get Fooled Again
Em 1971 o Who já era uma mega-banda, principalmente por conta de Tommy, a ópera rock que vendeu horrores. Para dar seqüência àquele disco o líder Pete Townshend veio com uma ideia ambiciosa que misturaria filme, um concerto gigante, o uso pioneiro do sintetizador e uma história que ninguém entendeu direito. O pacote todo se chamaria Lifehouse que, como era de se esperar, não vingou. Muito a contra-gosto Townshend então pegou as melhores músicas que havia composto para o projeto e assim nasceu "Who's Next". Won't Get Fooled Again se tornou um clássico e a canção mais emblemática deles graças à força da banda (todos em seu auge como instrumentistas) e aos vocais de Roger Daltrey (há até quem defenda que o grito que ele dá quase no fim da canção é o maior momento da história do rock 'n roll).
- Rolling Stones: Brown Sugar
Em 1971 os Rolling Stones já eram a maior banda do mundo. Lançavam discos e compactos clássicos sem parar e atingiram o auge com Sticky Fingers. Brown Sugar, apesar da letra pesada falando de heroína, se tornaria um dos grandes clássicos da banda e o padrão a ser seguido sempre que eles queriam fazer um "rockão tipo Stones" (como Start Me Up por exemplo) e é uma das quatro ou cinco canções que jamais saem do repertório dos shows da banda.
- Marvin Gaye: What's Going On
1971 foi a ano da virada para Gaye. Cansado de só cantar canções românticas com o mundo explodindo lá fora, ele bateu de frente com o chefão da Motown Berry Gordy exigindo gravar um disco abordando temas como racismo, ecologia e o Vietnã. Gordy se descabelou e disse não, mas acabou cedendo e não se arrependeu. What's Going On, a música, chegou ao segundo lugar das paradas e se tornaria uma das canções mais emblemáticas do período. What's Going on, o álbum também causaria revolução e é considerado um dos dois ou três álbuns mais importantes da soul music.
- Yes: Roundabout
O mais vilipendiado dos estilos do rock merece um pouco mais de carinho. É claro que muita bobagem foi feita em nome do Rock progressivo, e não colocamos muitas músicas do gênero nessa lista porque o prog-rock não foi feito para ser sorvido aos poucos e sim tomado de goladas. Apesar das faixas longas, a maioria dos medalhões do gênero sabia fazer coisas de mais fácil aceitação. Assim o Genesis tinha I Know What I Like (In Your Wardrobe), o Rush Closer To The Heart, o Jethro Tull Aqualung e o Pink Floyd Money. Selecionamos essa música do Yes - presente no disco Fragile de 1971- porque além dela ser muito legal (óbvio) ela é da banda talvez mais associada com o gênero (e por isso a mais criticada) e, ao contrário de muita coisa feita na época, sobrevive bem ao tempo (que o diga Jack Black que indica a música para o futuro tecladista da "Escola de Rock").
- Jimmy Cliff: The Harder They Come
Apesar de todas as conquistas de Bob Marley é sempre bom saber que provavelmente ele não teria sido o que foi sem o pioneirismo de Jimmy Cliff. Jimmy desde os anos 60 já era figura conhecida em vários pontos do planeta (ele se apresentou no Brasil em 1969 no Festival Internacional da Canção) e Bob Dylan disse que Vietnam era a melhor canção de protesto que ele já ouvira. O auge da carreira do jamaicano se deu em 1973 quando estrelou o filme “Balada Sangrenta” ou "The Harder they Come" no original. Mais importante ainda que o filme foi sua canção tema, que se tornaria um dos grandes clássicos do pop. A música foi vertida para o português pelos Titãs em seu disco de estreia com o nome de Querem Meu Sangue e regravada posteriormente com a participação do próprio Jimmy no bem sucedido Acústico MTV. A mesma versão fez sucesso com o Cidade Negra.
- Elton John: Rocket Man
Outro mestre da composição (se você discorda fica o convite para ouvir seus álbuns gravados entre 69 e 75). O excêntrico Elton teve seu auge nos anos 70 onde tudo que ele fazia emplacava. Seus discos alternavam rock'n'roll básico, músicas meditativas bem ao estilo folk rock que imperou no começo dos anos 70 e, sua maior especialidade, baladas derramadas e poderosas o bastante para agradar muita gente. Rocket Man saiu em 1971 e é um belo exemplo de um artista vivendo o auge de sua criatividade.
- Big Star: The Ballad of El Goodo
Como o Velvet Underground, o Big Star teve de esperar para colher seus frutos. A banda foi a cria de Alex Chilton e Chris Bell que cansados do rock pomposo que dominava as rádios e paradas de então resolveram trazer de volta a música que lhes marcou tanto nos anos 60. Como era de se esperar, o mundo não estava muito a fim de uma volta ao som dos Beatles e Kinks em pleno 1972 e a banda acabou deixando um legado ínfimo de apenas três discos que não venderam quase nada (o terceiro só saiu depois do fim do grupo) mas ajudaram a criar o powerpop; Os anos se passaram e toda uma geração de bandas como o R.E.M, os Replacements e o Teenage Fanclub já na década de 90 descobriram que o som do Big Star que podia tanto ser melancólico/depressivo, quanto hard rock e pra cima era uma fonte inacabável de prazer. The Ballad of El Goodo só não foi um mega hit por conta dessas injustiças inexplicáveis que no final fazem parte da história do pop. Chris Bell, que saiu logo depois do primeiro disco, morreu num acidente automobilístico em 1979. Alex Chilton – que já tinha feito sucesso nos anos 60 como membro dos Box Tops- seguiu solo em uma carreira errática, mas topou remontar a banda que desde 1993 faz shows eventuais e também gravou um novo disco de estúdio.
- Stevie Wonder: Higher Ground
Um dos artistas mais completos já surgidos, Stevie Wonder começou nos anos 60 como “Little Stevie Wonder” - o gênio de 12 anos de idade. Na década seguinte Wonder já estava crescido e havia conseguido além de liberdade total de criação e produção um contrato milionário. Com o uso da melhor tecnologia que havia na época, Stevie gravou discos que vão durar anos e anos. Higher Ground, que foi regravada em 1989 pelos Red Hot Chili Peppers, é uma boa porta de entrada para o mundo mágico de Stevie e está no disco Innervisions. Vale muito a pena, na seqüência, conhecer outros de seus principais discos como Talking Book e o ambicioso álbum duplo Songs in the Key of Life .
- Gram Parsons: $1000 Wedding
Nos anos 60 rock era rock e country era country. A ideia de misturar as duas coisas soava absurda, já que um gênero era liberal e o outro conservador. Gram Parsons era um moleque caipirão que gostava dos dois estilos e resolveu provar que a mistura daria certo. Ele pôde colocar sua tese à prova quando entrou nos Byrds e ajudou a criar “Sweetheart of Rodeo”, o primeiro disco da cruza country e rock (e a terceira revolução sonora perpetrada pela banda como tínhamos falado lá atrás). Gram só ficou mesmo por um disco. Poucos meses depois ele abandonaria a banda e ainda levou o baixistaChris Hillman. Juntos eles formaram o Flying Burrito Brothers que lançou dois excelentes discos. Gram ficou amigo de Keith Richards e influenciou os Rolling Stones a criarem músicas como Dead Flowers e Wild Horses (os Burritos gravaram essa segunda antes dos autores). Em carreira solo Parsons só conseguiu gravar dois discos e o segundo, Grievous Angel, é melhor exemplo de seus talentos. Ao se ouvir a baladaça $1000 Wedding gravada em dueto com uma então desconhecida Emmylou Harris a vontade que se tem é de chorar: de emoção pela beleza da música e de tristeza ou raiva por ele ter partido tão cedo. Gram de tanto andar com Keith Richards achou que também tinha o dom da "imortalidade". Obviamente ele estava errado tendo morrido aos 26 anos vítima de uma overdose fatal em 19 de setembro de 1973, sem sequer tendo visto o lançamento de seu segundo Lp. Seu trabalho sobrevive até hoje nas canções de Wilco, R.E.M, Elvis Costello e e em toda banda de rock americano que adiciona pitadas de country e folk em sua mistura.
- Queen: Bohemian Rhapsody
Tudo no Queen era exagerado. Nada mais justo então que a canção mais memorável da banda seja também a mais exagerada. Bohemian Rhapsody foi a grande obsessão de Freddie Mercury que segundo o baterista Roger Taylor "a tinha toda mapeada na cabeça". Conta-se que de tantos overdubs (ou gravações sobrepostas de vozes e instrumentos) a fita master quase ficou transparente. Tão importante quanto a música em si foi o vídeo feito para ela. Gravado às pressas porque a banda não poderia estar presente no (popular programa musical inglês) Top of the Pops e a um custo baixíssimo, o clipe da canção foi a prova definitiva de que os "promos" ou "tapes" (como os clipes costumavam ser chamados) poderiam servir para alavancar as vendas de discos, ao contrário do que se pensava até então.
- Bob Marley: No Woman No Cry
Bob Marley foi a primeira (e até agora única) mega estrela surgida em um país terceiro mundista. Marley tornou o reggae da sua Jamaica natal, em um ritmo universal. As apresentações de Marley no Lyceum de Londres em 1975 são um dos momentos chave da história do pop. Muitos os consideram os melhores shows dos anos 70. Se você quer saber se existe um fundo de verdade nisso é só ouvir o disco Live, ou apenas essa versão definitiva de um de seus maiores sucessos. No Woman No Cry já havia saído no disco Natty Dread de 1974 mas é difícil achar quem se lembre da versão original hoje em dia (e olha que era uma bela versão). A canção, também tem importância para nós brasileiros, já que foi com a versão de Gilberto Gil (gravada em seu disco Realce de 1978 como Não Chores Mais (No Woman no Cry)) que o grande público daqui travou seu primeiro contato com aquele novo ritmo(já a primeira menção ao termo reggae em um disco brasileiro cabe a Caetano Veloso que o mencionou em sua Nine Out Of Ten de 1972.
- Bruce Springsteen: Thunder Road
É uma pena que no Brasil Bruce Springsteen seja constantemente visto como um cantor que escreve hinos ufanistas para os EUA. É bom saber que toda sua fama em seu país deriva do fato dele escrever sobre e para os excluídos do sonho americano e, especialmente, porque ele é um compositor de mão cheia. Bruce louva o povo comum em suas canções, os errantes e os que tem gosto pela vida na estrada. A carreira de Bruce deslanchou em 1975, com o disco Born to Run que o colocou simultaneamente na capa da Time e da Newsweek. Nessa época o rock atingia um nível baixíssimo, com muita pompa, arrogância, discos fracos e um distanciamento do cada vez maior entre público e artistas. Bruce chegou com seu visual casual e entrega era a sua palavra de ordem (ele acreditava que só deveria deixar o palco após estar sofrendo de completa exaustão). Por isso para os americanos Bruce tem o mesmo impacto do punk para os ingleses, já que foi ele quem mostrou que era a hora do rock voltar a ser contestador e divertido. Thunder Road mesmo sem ser a sua canção mais famosa é considerada por vários fãs a sua melhor música. Nela estão vários temas caros à Bruce: o amor pela estrada, os ídolos esquecidos que tocam no carro (olha a paixão pelos excluídos aí de novo) e a certeza de que a felicidade pode ser encontrada nas coisas mais simples. A cançãoexerce um poder e fascínio tão grande que um número considerável de serviços funerários de vítimas do 11 de setembro aconteceram ao som dela.
- Sex Pistols: Anarchy In The U.K.
Se nos Estados Unidos o punk não vingou, na Inglaterra a história foi outra. Milhares de jovens cansados da monarquia, do rock pomposo e de tudo que os circundavam resolveram botar tudo abaixo em um dos períodos mais excitantes do rock. Ninguém simbolizou melhor essa geração que os Pistols para o bem (o carisma de Johnny Rotten, os grandes riffs do guitarrista Steve Jones) e para o mal (o niilismo desenfreado que acabou vitimando o segundo baixista Sid Vicious, com meros 21 anos e a ideia de que quase tudo feito ate então no rock deveria ser esquecido). O legado da banda se resume a apenas um disco (fora a trilha de "The Great Rock'n'Roll Swindle") mas ele perdura até hoje, basta ouvir Nirvana, Green Day, Oasis ou basicamente quase todo o melhor rock feito depois de 1977. Desde então vários grupos tentam emular, cada um a seu modo, os riffs de Steve Jones e a postura de Johnny Rotten e suas letras que misturavam raiva, política e bom humor ("eu sou um anarquista, sou o anticristo, não sei o que quero mas como conseguir, eu quero destruir"). Anarchy in UK é tão emblemática que não será surpresa se um dia ela for usada em salas de aula inglesas para explicar qual o era o estado das coisas no meio dos anos 70.
- Ramones: Sheena Is A Punk Rocker
Mais uma dúvida: se, como se diz, os Ramones só gravaram trezentas variações de uma única música em toda a sua carreira, bastaria então escolhermos uma canção qualquer do grupo aleatoriamente e tudo estaria resolvido. É claro que não é bem assim. Mesmo trabalhando dentro de uma área bem delimitada - um rock veloz, curto e grosso e quase sem solos - a banda de Nova York tem um punhado de bons discos e um número ainda maior de músicas memoráveis em seu currículo. Blitzkrieg Bop por ter sido a primeira a ser lançada tem importância monolítica e I Wanna Be Sedated foi o grande hit que a banda não teve e merecia (apesar de serem nomes comuns por aqui é bom lembrar que os Ramones nunca venderam bem nos EUA). Então vamos sair pela tangente e escolher Sheena Is A Punk Rocker que além de ser muito querida não só pelos fãs da banda, foi uma das raras faixas do grupo a chegar no top 100 e sintetiza o estilo do grupo - basicamente uma adaptação para os sombrios anos 70 do som alegre e inocente do início dos 60. É sempre bom lembrar que sem os Ramones muitas bandas e gêneros que surgiram depois não existiriam ou seriam bem diferentes (punk inglês, hardcore dos anos 80, grunge, o neo-punk dos anos 90 e muito mais).
- David Bowie: Heroes
David Bowie, ao lado de Brian Eno, seu parceiro na chamada “trilogia de Berlim” (os discos Low, Heroes e Lodger) foi um dos primeiros a sacar a importância do que as bandas alemãs, em particular o Kraftwerk, estavam fazendo. O disco Heroes era repleto de faixas instrumentais que não escondiam em nada o fascínio que ele tinha pela banda. Já a faixa título não tinha quase nada de sutil. Essa trazia um arranjo primoroso, uma letra do tipo que sempre vai fazer sentido para um monte de gente em inúmeras situações ("Nós poderemos ser heróis nem que seja por um dia") e a melhor interpretação de toda a sua carreira. Vira e mexe a canção é regravada (o Blondie soltou uma versão ao vivo com a participação do próprio Bowie ainda em 78, Oasis e Wallflowers lançaram as suas covers nos anos 90) mas a verdade é que é difícil chegar perto do impacto do original.
- Bee Gees: Stayin' Alive
Uma das mais peculiares histórias do pop, os irmãos Bee Gees começaram nos anos 60 gravando baladas de sucesso e discos ambiciosos como Odessa e Trafalgar. Em 1975, em baixa, a banda foi gravar com Arif Mardin, veterano produtor da Atlantic, que sugeriu uma guinada para o disco/funk com muito falsete nas vozes. O conselho deu certo e os hits voltaram, mas nada perto do que viria a seguir. Robert Stigwood, dono da RSO, a gravadora do grupo, pediu para eles umas quatro ou cinco músicas para um filme "com o John Travolta" que ele estava produzindo. A história a partir daí é conhecida: o tal filme era "Os Embalos de Sábado à Noite" que espalhou a discoteca pelo planeta e transformou John Travolta e os Bee Gees em ícones da época. A trilha sonora vendeu mais de 30 milhões de cópias graças não só a Stayin' Alive, (a música de abertura) mas também aHow Deep Is Your Love e pela presença de hits de outros artistas como Disco Inferno dos Trammps.
- Elvis Costello: Alison
Elvis Costello talvez seja o melhor compositor a ter surgido no mundo do rock desde 1977. Ele é eclético e versátil o bastante para se aventurar em diversos gêneros com sucesso e conta com uma inteligência nata para escrever desde canções de amor (e desamor) até músicas raivosas ou irônicas. Em mais de trinta anos de carreira, o cantor lançou vários discos e poucas vezes decepcionou seu público mais do que fiel. A balada Alisonfoi o ponto de partida dessa trajetória vitoriosa e se tornou uma de suas marcas registradas (junto com os óculos e (What's so Funny 'bout) Peace, Love and Understanding, a canção do produtor e artista solo, Nick Lowe que ele tomou para si.
- Kraftwerk: The Robots
Os Beatles da eletrônica, ou se duvidar ainda mais, já que nem todo rock tem influência dos Beatles, mas todo o pop eletrônico deve algo aos alemães do Kraftwerk. Assim como no caso dos grupos progressivos, o som deles não funciona tão bem se ouvido em doses homeopáticas, o legal mesmo é pegar alguns álbuns clássicos do grupo e embarcar na viagem. Se a ideia aqui fosse escolher a faixa mais influente da banda, a escolhida deveria ser Trans-Europe Express, que serviu de base para Planet Rock de Afrika Bambataa, a música que deu início à revolução hip-hop. Entre os hits, The Model, Numbers e a versão editada de Autobahn também são candidatas. Mas The Robots é mesmo a canção símbolo desses homens-máquinas que, como poucos, realmente estavam muito à frente de seu tempo. A versão original presente em the Man machine de 1978 é a mais indicada, mas a revisão presente no álbum The Mix de 1991 também é ótima.
- Blondie: Heart Of Glass
De toda a leva de bandas e artistas que movimentou a Nova York dos anos 70 (Patti Smith, New York Dolls, Ramones, Televison, Suicide...) o Blondie foi o mais bem sucedido. Primeiro porque eles faziam um som mais acessível às massas e ainda tinham Debbie Harry, com sua beleza e carisma incomparáveis. O grupo atingiu seu auge artístico e comercial com o álbum Parallel Lines e mais ainda com o compacto Heart Of Glass, que desde 1978 anima as pistas, com sua batida disco (para horror dos punks radicais) e a voz em falsete de Harry. A música é o exemplo claro do quanto um produtor pode transformar uma canção. Heart Of Glass a princípio era um reggae sem maiores atrativos que foi moldada pelo produtor Mike Chapman até atingir a forma que a tornou conhecida.
- The Clash: London Calling
Se os Sex Pistols eram porra-loucas, o Clash respondia pelo lado articulado do punk (e os Buzzcocks pelo romantismo). Desde cedo eles souberam escapar da camisa de força dos três acordes e abrir seus horizontes para o reggae, rockabilly, dub e para o rock clássico. Às vezes podia soar contraditório ver a mesma banda que cantava "Chega de Elvis, Beatles ou Rolling Stones em 1977" ou "a falsa beatlemania comeu poeira" demonstrando tamanho apreço pelo passado, mas como a música fluía bem e soava urgente e moderna, só mesmo quem era xiita reclamava. London Calling a faixa, abria London Calling o disco, com sua introdução marcial e os vocais de Joe Strummer e Mick Jones em conjunto, entrando com a força de generais liderando suas tropas. A influência do quarteto foi enorme nos anos que vieram. Sempre que você vir uma banda empunhando guitarras e gritando palavras de ordem, saiba que eles devem um bocado de coisas a esses ingleses aqui.
- Chic: Good Times
Um gênero sempre tratado com certo desprezo é a disco ou discoteca. É certo que muita bobagem foi gravada aproveitando a onda dos "“embalos de sábado a noite", mas a disco abriu portas (o compacto de 12 polegadas e a volta dos produtores mestres na manipulação de recursos de estúdio por exemplo). O Chic era, como diz seu nome, muito chique. Os homens vestiam ternos, as garotas vestidos de grife e sua música animava as festas mais badaladas do planeta. Mas a banda do baixista Bernard Edwards e do guitarrista Nile Rodgers ia além dessa frivolidade, por ser extremamente potente. Em sua época eles eram "a banda de discoteca que se podia gostar". Hoje ela é apenas uma das mais influentes formações já surgidas. Essa influência pôde ser sentida especialmente nos anos 80 quando Nile Rodgers se tornou um dos mais bem sucedidos produtores da década (Let's dance de David Bowie e Like a Virgin de Madonna são os maiores exemplos). Eles também criaram algumas das melhores linhas de baixo já ouvidas e invariavelmente elas ressurgiram ora adaptadas (como em Another One Bites The Dust do Queen) ou sampleadas mesmo. O baixo de A faixa também serviu de base para o primeiro rap gravado (Rapper's Delight da Sugarhill Gang) e também para o hit 2345meia78 de .
- The Police: Message In A Bottle
Ok, o grande momento de Sting e do Police foi Every Breath You Take e estamos conversados. Mas o fato é que o grupo entrou para a história por outros motivos além de ter escrito uma das melhores baladas dos últimos tempos. O grande lance do trio (completado por Andy Summers e Stewart Copeland) foi ter popularizado o termo "reggae de branco", ajudando a tornar o som da Jamaica palatável não só para roqueiros menos abertos mas para o público em geral. O grupo também contrariava a escola punk que dizia que quanto menos se soubesse tocar melhor. Todos os três policiais eram excelentes músicos, mas eles entenderam que o segredo estava na simplicidade. Nenhuma faixa da banda sintetiza melhor tudo que eles fizeram que Message In A Bottle. Dá até pra dizer que sem ela o rock brasileiro dos anos 80 teria sido bem diferente. Que o digam Os Paralamas do Sucesso, Blitz e Léo Jaime.
- Pink Floyd: Comfortably Numb
Quando surgiu em 1967 o Pink Floyd rapidamente se tornou a principal banda da cena psicodélica inglesa. Nessa época o líder da banda era Syd Barret (falecido em 2006). O Floyd de Barrett lançou compactos antológicos como See Emily play e Arnold Layne além do disco The Piper at Gates of Dawn. Infelizmente as “experiências" de Barret com alucinógenos não foi das melhores e já em 1968 ele se mostrava impossibilitado de seguir com a banda. Começava então o reinado de Roger Waters que transformou o grupo em uma das primeiras bandas do nascente rock progressivo. Sob o seu comando, eles conquistaram um público enorme ávido pelas viagens instrumentais do grupo e pelas letras paranóicas e depressivas de Roger. A bela Comfortably Numb está em The Wall, praticamente um disco solo de Waters. Uma das poucas exceções é essa música, feita em parceria com o guitarrista David Gilmour. A divisão bem definida entre os dois compositores lembra certos momentos dos Beatles onde se via claramente o que tinha sido feito por cada autor. Infelizmente esses momentos de colaboração foram raros na carreira da banda. Em 1983 eles lançaram The Final Cut (outro "solo" de Waters) e se despediu. Sem Roger os três remanescentes se reuniram e nasceu assim o "terceiro" Pink Floyd, que virou uma máquina de fazer dinheiro, apesar dos narizes torcidos dos fãs mais antigos e de toda a crítica.
- Neil Young: My My, Hey Hey (Out of the blue)
Se existe alguém que personifica o rock, esse é Neil Young. Símbolo máximo do artista inquieto que assume os maiores riscos sem se importar com as conseqüências, Neil serve de modelo para quem acha que é possível ter uma carreira longa, instigante e digna. Grosso modo existem dois Neils: um que escreve baladas tranqüilas temperadas pelo folk e country. Esse gravou faixas como Heart of Gold, After the Goldrush e Helpless. O outro gosta de fazer barulho, de preferência ao lado do Crazy Horse, uma das duas ou três melhores bandas acompanhantes de todo o rock. Essa faceta pode ser conferida em discos como Zuma e em canções como Cinnamon Girl e Rockin' In The Free World. My acaba resumindo a questão, já que foi gravada dos dois modos no disco Rust Never Sleeps que tinha um lado elétrico e um acústico. Mais que isso ela é a música símbolo do artista com o famoso verso: "é melhor queimar que esvanecer" citado por Kurt Cobain na carta encontrada ao lado de seu corpo. Por causa disso Young (que viu que uma ou outra ferrugem na lataria não condena o carro por inteiro) disse que não iria mais cantar a canção. Felizmente ele mudou de idéia e a tocou em seu único show no Brasil (em 2001 no Rock in Rio 3).
- Joy Division: Love Will Tear Us Apart
Em 1979 o punk já dava sinais de desgaste. Foi quando o pós punk então surgiu. Várias bandas abraçaram o gênero (marcado por baixo pulsante, guitarras esparsas e canções intensas mas não necessariamente muito melódicas). O PIL, formado pelo ex-vocalista dos Sex Pistols Johnny Rotten, agora John Lydon, era especializado em experimentar com o reggae e o dub. A Gang of Four misturava punk com funk e muitos outros grupos surgiram expandindo os limites do rock. Acima de todos esses estava o Joy Division, um quarteto de Manchester que começou punk e em dois discos criou um som bastante original (com a ajuda fundamental do produtor Martin Hannet). Boa parte do que é chamado hoje de “rock dos anos 80” tem as suas origens no som da banda. Love Will Tear Us Apart, uma das mais dolorosas canções de amor desde sempre, deveria ter sido o trampolim da banda para o sucesso. Deveria, se Ian Curtis não tivesse se enforcado com apenas 23 anos às vésperas da primeira turnê norte-americana. Tony Wilson, o chefe da gravdora deles, a Factory, contou recentemente que logo depois do ocorrido um ainda jovem Bono lhe disse que estava pronto para assumir a missão de Ian. Os sobreviventes se reorganizaram como numa história que será vista mais adiante.
- Motörhead: Ace Of Spades
Os ventos de mudança do punk acabaram dando força também ao heavy metal.Várias bandas surgidas principalmente no fim dos 70 iriam se tornar grandes na década seguinte ou influenciar as futuras gerações de metaleiros. Assim o Judas Priest colocava pitadas de punk e new wave em seu som e chegava ao grande público americano, o Iron Maiden vinha com um som a princípio rude, e depois intrincado, para se tornar um dos maiores nomes de toda a história do gênero e o Def Leppard abria as portas (talvez sem querer) para a fusão do heavy metal com a música pop radiofônica. Mas quem acabou dando as diretrizes para o metal do futuro foi o Motörhead, com seu visual sujo e o som rápido, veloz e nem um pouco sutil. Cria de Lemmy Killmister o grupo abriu as portas para todas as variações underground do metal, que iriam desembocar no sucesso de massa do Metallica. Ace Of Spades é o grande momento do trio, é daquelas faixasque te dão vontade de chutar alguma coisa e você nem sabe o porquê. Se isso é bom ou mal nem vamos discutir, mas quantas músicas conseguem fazer alguém se sentir assim?
- Talking Heads: Once In A Lifetime
No pop as coisas vem e vão. Nos anos 80 os Talking Heads eram sinônimo de música instigante, inteligente e inovadora. Nessa época não havia nada mais moderno que o disco Remain in Light e sua canção mais conhecida Once In A Lifetime. Com sua mistura de rock, pop transcontinental e letras nonsense, mais a produção de Brian Eno, o disco, e a música, marcaram a década. No resto dos 80's eles atingiram o grande público comBurning Down The House e mostraram que um show filmado poderia ser uma obra de arte em Stop making Sense. Nos anos 90, quando não mais existiam, o grupo raramente era lembrado ou citado. Pior ainda, o líder David Byrne ainda ficou com a fama de artista “cabeça” e aproveitador barato da música brasileira, latina e africana. Hoje tudo mudou. Os discos de sua banda foram relançados em edições luxuosas, a nova geração lhes presta tributo (Franz Ferdinand, Clap Your Hands and Say Yeah e Arcade Fire sendo bons exemplos) e perceberam que o selo do "aproveitador" Byrne estava lançando, e apresentando ao mundo, uns discos esquisitos, de artistas esquisitos de nomes também esquisitos como Mutantes e Tom Zé.
- Soft Cell: Tainted Love
Caso raro de regravação que supera a original, Tainted Love foi gravada pela primeira vez em 1964 pela cantora de soul Gloria Jones. Mas a versão que até hoje é ouvida (nem que de forma indireta: S.O.S. de Rihanna é construída sobre um sample dela) é a de 1981 gravada pela dupla Soft Cell. A música foi o compacto mais vendido de 1981 na Inglaterra e chegou entre os 10 mais dos EUA. Com o fim do punk um se número de novas vertentes e subvertentes surgiram no horizonte. A do tecnopop foi uma das mais bem sucedidas tanto artística quanto comercialmente e seguiria forte durante o resto da década graças a nomes como Depeche Mode, Human League, Associates e outros que descobriram na eletrônica um jeito novo e criativo de se fazer música. Na segunda metade dos anos 80 o gênero foi perdendo a força, mas grupos como os Pet Shop Boys e oErasure mantiveram a chama do gênero viva.
- Prince: 1999
Nos anos 80 Prince era o exemplo de artista moderno. Pegava super bem se dizer fã do cara, mesmo sem conseguir atravessar por completo seus álbuns. O fato é que o cantor tinha mesmo a ver com o período: uma época egoísta (por saber tocar mais de 30 instrumentos, ele podia, se quisesse, abdicar de sua banda), com interesses diversos (ali estava um negro que misturava sem cerimônia rock, pop, funk, soul e baladas românticas) e ultra preocupada com estilo e tecnologia. Mas nesse papo todo muitas vezes a gente se esqueceu que Prince era principalmente um compositor com tino para criar grandes compactos de sucesso (Purple Rain, When You Were Mine, When Doves Cry, Kiss, Raspberry Beret...). Dentre essas todas 1999 é a jóia da coroa, com sua introdução climática e a letra que conclama todos a dançarem como se fosse 1999. A música é tão boa que em pleno século 21 ela ainda faz sentido.
- Michael Jackson: Billie Jean
Michael Jackson já chamava a atenção desde os sete anos quando cantava no Jackson 5 com seus irmãos. No decorrer dos anos setenta tudo foi preparado para que ele se tornasse um dos maiores show man dos Estados Unidos. O primeiro passo foi começar a separá-lo de seus familiares. O segundo foi o disco Off the Wall e sua bem sacada mistura de estilos. O passo final foi o álbum Thriller, projetado milimetricamente para vender milhões. Assim o disco trazia baladas e um dueto com Paul McCartney para os mais velhos e românticos, solo de guitarra do Eddie Van Halen para os roqueiros e funk e r'n'b para os fãs de música negra. Para fechar o pacote vídeos clipes com cara de filme que quebraram de vez o boicote à artistas negros mantido pela MTV. Mas acima de tudo isso, Thriller tinha Billie Jean, exemplo maior do que se chama de pop perfeito, com sua linha de baixo inigualável e talvez o grande motivo pelo qual sempre olharemos para ele com respeito e admiração.
- New Order: Blue Monday
Durante a década de 80 o Joy Divison foi tomando proporções mitológicas. Os três músicos sobreviventes (acrescidos da tecladista Gillian Gilbert) tomaram a inteligente decisão de, aos poucos, se afastarem da sonoridade da antiga banda. Assim, o som soturno e melancólico, foi dando espaço a uma música dançante, eletrônica e... melancólica. Não seria exagero considerar Blue Monday a canção mais importante dos anos 80. Além de ter se tornado o compacto de 12 polegadas mais vendido da história na Inglaterra, a faixa serviu para quebrar preconceitos, abrindo os olhos dos roqueiros para a dance music (coisa que desde a discoteca não era muito bem vista) e vice-versa. Os descendentes ainda hoje estão surgindo. De Stone Roses ao Prodigy passando pelo Franz Ferdinand muita gente se beneficiou, mesmo que indiretamente, com as lições ensinadas pelo quarteto de Manchester.
- R.E.M.: Radio Free Europe
Surgido no início dos anos 80, o R.E.M se tornou a banda favorita dos universitários e da crítica. Aos poucos eles se tornaram um dos maiores grupos do planeta. Exemplo de banda íntegra que faz tudo nos seus conformes, o quarteto sempre foi admirado não só pela música como pelo seu jeito simples de ser e de como conseguiu sobreviver à sua maneira dentro da grande máquina da indústria do entretenimento. Radio Free Europe, o primeiro compacto do grupo (lançado em edição limitada em 1981 e regravado dois anos depois para o disco de estreia Murmur), deu início a essa trajetória. Apesar de não ser um dos maiores sucessos da banda ela é importantíssima dentro da história do pop por algumas razões, sendo a principal delas a de ter estimulado um novo salto evolutivo ao rock de sua época (já era 1983 e o pós-punk e a new wave já estavam nas últimas) e por ter ajudado a cunhar o termo college rock (o rock tocado pelas rádios universitárias americanas, que, sem preocupações com audiência abriam seus microfones para toda uma nova geração de artistas). Resumindo, Radio Free Europe é o marco zero do rock alternativo.
- Madonna: Like A Virgin
Com seu primeiro disco Madonna havia conseguido um certo sucesso e criado um bom número de pérolas pop (Borderline, Lucky Star, Holiday...). Com Like A Virgin ela deixou de ser uma artista de sucesso para virar não só a cantora mais bem sucedida da história, mas também um ícone, a mulher com quem os garotos sonhavam e que as meninas queriam ser. E pensar que em 85/86 um monte de gente dizia que a música feita pela cantora era descartável e que ela não duraria nem mais um ano...
- The Smiths: How Soon Is Now?
A chegada da banda de Morrissey e Johnny Marr na cena pop é um caso de timing perfeito. Em 83, as sonoridades pós punk já davam mostra de cansaço. Sobrava o pop das paradas, encabeçado pelos new romantics Duran Duran e Culture Club que eram, simpáticos, mesmo geniais em certos momentos, mas sem muita utilidade se você buscava emoções menos rasteiras. Dava então para assumir o modelito preto e virar gótico niilista-existencialista (os anos 80 adoravam rótulos, especialmente esses que ninguém conseguia explicar direito) fã de Siouxsie and the Banshees, Bauhaus e The Cure ou senão sentar e esperar por uma banda que te entendesse. Os Smiths chegaram então para falar com todos que se sentiam excluídos da “grande festa da música oitentista”. Estava ali um grupo que soava diferente de quase tudo que viera antes, e, mais notável, sem apelar para experimentações e radicalismos. O som dos Smiths se fundamentou em duas bases: as melodias de Johnny Marr e as letras de Morrissey e seus contos de desilusão, desamor e inadequação aos tempos modernos. O quarteto de Manchester gravou várias obras-primas, mas nenhuma tão perene quanto How soon is now. Afinal quem nunca foi para uma festa com grandes expectativas e voltou pra casa sozinho e amaldiçoando o mundo, que atire a primeira pedra.
- Run DMC: Walk This Way
Foi esse o disco que abriu de vez as portas do mainstream para o rap. era um antigo hit do Aerosmith, que naquele momento andava em baixa, muito por conta do apetite destrutivo de seus membros. O Run DMC tinha o costume de criar raps em cima da base de Walk This Way, mas sem levar aquilo muito a sério. O produtor Rick Rubin (que se tornou um dos maiores nomes dentro da indústria musical) pirou com aquilo e forçou a banda a gravar imediatamente a música. A regravação ajudou o disco Raising Hell a vender mais de 2.5 milhões de cópias, deu origem a um dos vídeos mais bem feitos que se tem notícia, botou a banda na capa da Rolling Stone (os primeiros artistas de rap a conseguirem o feito) e abriu de vez as portas do mainstream para o hip-hop.
- Guns N' Roses: Welcome To The Jungle
Os anos 80 precisavam de uma banda suja e malvada para estourar a banca, afinal o glam metal (ou hair metal ou, em bom português, metal farofa) estava cansando. Ao mesmo tempo o grande público ainda não estava preparado para as as variantes mais brutas e radicais do metal (Slayer e Metallica a frente). Foi nesse contexto que surgiu o Guns n'Roses. Cinco caras com gosto não só pelo som, como pela vida desregrada de seus maiores ídolos (Led Zeppelin, Aerosmith, e os Rolling Stones dos anos 70). Some a isso um visual certo para agradar à geração MTV e realmente não tinha como dar errado. Mas também não se imaginava que pudesse dar tão certo assim, já que o disco de estreia se tornou um dos dez mais vendidos na história americana. Nenhuma música simboliza melhor o grupo de Slash e Axl Rose que Welcome To The Jungle, com o grande riff de Slash, a letra direta e a sua introdução. É por causa dela que a gente sempre vai perdoar os excessos de megalomania de Axl, os 15 anos sem material novo, as cadeiradas nos repórteres, as bordoadas nos fãs...
- My Bloody Valentine: You Made Me Realise
Para parcela da crítica, o último sopro de criatividade dentro do rock foi dado por esse quarteto. O MBV demorou até achar a sua cara definitiva, mas quando ela foi encontrada as marcas deixadas foram profundas. O som da banda era barulhento, e não se fala aqui de velocidade e peso, mas de barulho no sentido literal do termo, uma música recheada de ruídos, microfonias e distorções, numa espécie de "evolução" do som criado peloJesus and Mary Chain. You Made Me Realise saiu em compacto no ano de 1988 e mostrou que o novo MBV iria fazer a diferença. Nos anos seguintes a banda deu origem a um grande número de imitadores e até a um sub-gênero (o shoegazing). Infelizmente o gosto pelo barulho cobrou seu preço.O líder Kevin Shields passou a se dedicar a duas coisas: torrar uma fortuna da gravadora na gravação do disco "Loveless" e a fazer "pesquisas sonoras" para descobrir novos timbres de microfonias e distorções para guitarra. O disco saiu em 1991, e realmente soava diferente de quase tudo que se ouvira até então, mas Shields acabou com problemas graves de audição e a banda entrou em hiato. Shields voltou a dar as caras nos últimos anos: primeiro tocando no Primal Scream (inclusive nos shows brasileiros da banda) e fazendo algumas canções para a trilha do filme "Encontros e Desencontros" de Sofia Copolla. Em 2008 a banda voltou a tocar ao vivo para a surpresa de muitos, mas a espera por um novo disco continua.
- Public Enemy: Fight The Power
Houve um tempo em que o rap não falava só de vadias, bandidos, traficantes e a necessidade de se ficar rico (e exibir essa riqueza). Foi a chamada era de ouro do hip hop, onde as bandas podiam ser desencanadas (como o De la Soul) ou politizadas. Nessa última vertente ninguém foi mais fundo que o Public Enemy, a banda mais radical surgida nos anos 80. Seu líder Chuck D costumava dizer que o rap era a CNN dos negros e soltava seus discursos polêmicos e raivosos debaixo de uma saraivada de ruídos criados pelo DJ Terminator X. O PE é considerado o melhor grupo de rap e hip-hop já surgido, graças aos seus três primeiros discos e às misturas e colaborações com o pessoal do rock (como Bring the Noise com os metaleiros do Anthrax). Fight The Power mostra o porquê de toda essa importância. Uma música que marcou época principalmente após ter sido usada por Spike Lee na abertura do também marcante "Faça a Coisa Certa". Ficou interessado? Então escute também o segundo disco da banda: It Takes a Nation of Millions to hold Us Back, com vários outros clássicos do hip- hop.
- The Stone Roses: She Bangs The Drums
Aqui cabe o mesmo raciocínio usado com o Police. Fools Gold costuma ser lembrado pela imprensa e público inglês como o grande momento dessa banda de Manchester. Pode ser, afinal a música que cruzava funk com vocal sussurrado simbolizou a primeira era das raves e fez muita gente cair na dança. Mas o outro grande trunfo dos Stone Roses foi o de trazer de volta um senso de grandeza ao rock inglês. A fórmula não era novidade: um pouquinho de Beatles, outro tanto de rock psicodélico dos anos 60 somados ao lado mais melódico do punk. Tudo coberto com a arrogância típica de Manchester. O resultado dessa receita pode ser conferida em She Bangs The Drums. Por alguns meses eles foram a melhor banda do mundo e em breve iriam se tornar: "O novo U2". O primeiro disco da banda fica melhor a cada ano e já é considerado clássico. Infelizmente logo depois o grupo entrou em litígio com a sua gravadora e demorou quatro anos para lançar o sucessor. Aí já era tarde demais e eles terminaram logo depois, só para ver uma banda, também de Manchester, surgir e levar a cabo o processo começado por eles. O nome dessa banda? Oasis.
- Pixies: Debaser
Os Pixies estão entre as três ou quatro melhores bandas surgidas no underground americano nos anos 80. A mistura de grunhidos, letras nonsense, punk e pop criada por Black Francis e seus companheiros foi o sopro de vida que o rock precisava naquele momento. O impacto maior do grupo se deu na Inglaterra onde eram queridinhos da crítica e do público. Mas não se pode subestimar as conquistas do grupo dentro de seu próprio território. Basta lembrar que Kurt Cobain ao compor Smells Like Teen Spirit estava simplesmente copiando os Pixies, como ele mesmo declarou. Debaser é a faixa de abertura do segundo disco do grupo (terceiro se você considerar o mini-lp C'mon Pilgrim) e mesmo sem ter sido lançada como single tem tudo o que os eles fizeram de melhor: a mistura de pop com barulho e a letra perversa citando “O Cão Andaluz”, clássico filme surrealista de Luiz Buñuel. Com o fim da banda em 1992 Black Francis se tornou Frank Black e lançou vários discos solo. A baixista Kim Deal transformou sua banda paralela, The Breeders, em seu principal ganha pão e emplacou um dos grandes hits do rock alternativo dos anos 90: Cannonball. Em 2004 eles colocaram as desavenças de lado e voltaram a tocar juntos, mas o prometido disco novo ainda não pintou.
- U2: One
Desde 1987 e o estouro de Joshua Tree, o U2 é a maior banda do planeta. Tendências vêm e vão, a crítica reclama se a banda muda de som e também xinga se eles não mudam, o público ameaça trocar de ídolo, mas no fim todo mundo ainda presta atenção aos novos discos da banda, que, verdade seja dita, ainda não se deitou sobre seus louros. Sempre foi interessante ver como não só o U2, mas os seus companheiros de geração em geral, apesar de terem feito um cancioneiro vasto e de qualidade, raramente criaram os chamados standarts, aquelas canções que ganham diversas regravações e que nos dão a impressão que sempre estiveram por aí. One foi a música que mostrou que a geração dos anos 80 também tinha fôlego para criar canções tão duradouras quanto os maiores clássicos do rock das décadas passadas. Nascida em um período complicado para o grupo, que sentiu que precisaria se renovar se quisesse continuar em evidência nos anos 90, One foi a música que mostrou que o grupo estava na direção certa e os impulsionou a terminar o disco Achtung Baby. A música se tornou não apenas o ponto central dos shows da banda dali pra frente como se mostrou uma canção versátil o bastante para ser interpretada tanto por Johnny Cash (que a gravou de forma tocante) quanto porMary J. Blige que a levounovamente às paradas em 2005.
- Nirvana: Smells Like Teen Spirit
É uma pena que o suicídio de Kurt Cobain tenha, para o bem e para o mal, colocado toda a obra do Nirvana em outra perspectiva. Assim, a música do grupo é vista com um certo desprezo por gente que acha inconcebível que "o som do cara que se deu um tiro na cabeça" seja ouvido com a mesma reverência dos grandes clássicos. Por outro lado, essa mesma reverência torna difícil que se escute o Nirvana pelo que eles foram de melhor: uma grande banda de pop barulhento. Quem está na casa dos 25/30 anos ainda deve se lembrar de como foi ouvir Smells Like Teen Spirit, pela primeira vez, da excitação trazida por aquela música aparentemente banal, da sensação de que os anos 90 estavam começando. Essa é a sensação que deve ser buscada não só quando algum hit da banda tocar, mas principalmente ao se descobrir uma banda nova. A grande lição deixada por Kurt Cobain foi exatamente essa: a de que o rock sempre consegue se reinventar especialmente quando ele parece estar morto.
- Massive Attack: Unfinished Sympathy
A cidade inglesa de Bristol deu a luz ao trip-hop. Um novo gênero que juntava batidas de hip hop, dub jamaicano, rap, soul e rock psicodélico. Os dois maiores expoentes foram o Massive Attack e o Portishead (que poderia estar nessa lista com alguma música do disco Dummy). O Massive está aqui não só porque Unfinished Symphony foi a pioneira do estilo, além de ser uma das melhores baladas soul dos últimos tempos, mas porque dava para ver que ali estava uma banda que iria sempre nos surpreender.
- Metallica: Enter Sandman
Desde 1983 o Metallica era a grande esperança do metal americano. Construindo sua reputação aos poucos, era inevitável que o mega-sucesso finalmente chegasse. E ele chegou em 1991 com o chamado Black Album e seu primeiro single: Enter Sandman. Com seu riff simples e poderoso, gravado perfeitamente por Bob Rock, a música é um dos grandes momentos do rock dos anos 90. Com o “álbum preto” o Metallica mostrou que era possível tornar o thrash metal palatável para as massas sem que isso significasse descaracterização (ainda que os fãs mais radicais jamais tenham aprovado essa “virada de casaca”). Uma lição que continua sendo aplicada por bandas como o System of a Down por exemplo.
- Pearl Jam: Jeremy
Que o Nirvana foi a banda mais importante dos anos 90 praticamente não se discute, mas o Pearl Jam foi a mais bem sucedida, principalmente pelo fato de que, ao contrário da banda de Cobain, eles sempre acreditaram mais na mitologia e em um passado glorioso do rock. Verdade seja dita, gostamos de ver os músicos como heróis e não como caras comuns, e ainda que o Eddie Vedder se esforce para parecer um cara qualquer, não é assim que seu público o vê. O Pearl Jam sempre teve uma queda pelo som praticado nos anos 70 por gente como o Led Zeppelin, Neil Young e o Who além da influência do punk e do rock alternativo dos anos 80. Essa mistura agradou não só à molecada mas também aos fãs mais tradicionais de rock que transformaram a banda numa das mais importantes dos últimos anos (basta ver a quantidade de clones de Eddie Vedder que já surgiram desde então), o pontapé inicial dessa trajetória foi Jeremy que apresentou ao público da MTV aquele cantor que fazia umas caras estranhas enquanto o menino se matava na frente dos colegas” ao som de uma música nervosa e dramática.
- Oasis: Live Forever
Os detratores do Oasis costumam dizer que a banda não tem valor por três motivos básicos: A - porque sempre fazem a mesma coisa. Argumento razoável, mas de Jorge Ben Jor aos Ramones dá pra fazer uma lista só com gente "que sempre faz a mesma coisa". B – Que eles acabaram com qualquer chance de evolução no rock, jogando a Inglaterra (que sempre se responsabilizou por lançar tendências) em uma onda retrógrada e auto-celebratória. Mais uma vez, ser retrô não é necessariamente algo ruim, e é impossível ir para frente sem conhecer o passado. O lado celebratório tinha razão de ser também, afinal o auge da banda marca o fim do reinado conservador e a chegada de Tony Blair ao poder. E finalmente os ingleses tinham bandas boas o bastante para colocar o país de volta no mapa do pop depois de amargarem anos de obscuridade por conta do grunge, doR.E.M, do Metallica e por aí afora. C - os irmãos Gallagher são um saco. Ok, aí já fica mais difícil a defesa, mas a gente leva para casa o disco e não as pessoas que o fizeram. O grande lance do Oasis foi ter trazido de volta o prazer de se ouvir a música pop de três minutos. Entre os vários compactos do grupo, Live Forever sempre terá um destaque especial, mais até do que Wonderwall, porque ela tem tudo de bom que o Oasis sabe fazer: canções com melodias fortes, instrumental enxuto e ainda uma das melhores interpretações de Liam Gallagher (que no futuro iria exagerar nos maneirismos dando mais lenha para quem detesta a banda). A letra também merece destaque, afinal depois de anos de escritores melancólicos, suicidas ou desesperados encontrar alguém otimista o bastante a ponto de querer “viver para sempre” era um alívio e tanto.
- Pulp: Common People
Um dos grandes pesares dos anos 90 foi o Pulp não ter repetido no resto do planeta o sucesso que tinha na Inglaterra. Se o senso de humor acurado e talento de contador de histórias de Jarvis Cocker tivessem sido mais ouvidos talvez o rock de hoje estivesse em um patamar mais adiantado e divertido. Apesar de ter estourado em 1996, no auge do britpop, o Pulp estava na estrada há vários anos (16 para ser exato) mas sempre à margem. Tudo mudou com Common People, uma música que misturava tecnopop dos anos 80 com vocais falados como os de Lou Reed nos versos e dramáticos como os de David Bowie no refrão. Isso tudo para contar a ótima história da garota rica que queria viver como uma pessoa comum e pedia dicas para o vocalista.
- Underworld: Born Slippy
Houve um período nos anos 90 onde a graça era falar que o rock estava morto e que no tecno e na música eletrônica é que estava o futuro. Por um tempo foi engraçado ver roqueiros de coração se arriscando em raves e tentando entender aquela nova música. Assim vai ser difícil deixar de associar a segunda metade dos anos 90 aos breakbeats dos Chemical Brothers, e ao tecno punk do Prodigy. Mas se tem uma música que ainda hoje sempre causa comoção quando toca é Born Slippy do Underworld. A música havia sido lançada sem muito estardalhaço em 1995. Um ano depois ela foi incluída na trilha do filme Trainspotting, e estourou, fazendo até hoje o pessoal berrar “lager,lager,lager” quando a música toca seja na pista ou no palco.
- Radiohead: Paranoid Android
No mundo do rock a lei da física que diz que para cada ação existe uma reação é sempre válida. Em 1997 o Britpop começava a dar sinais de cansaço e era chegada a hora de uma nova guinada. O Radiohead tem uma história curiosa: a princípio foram vistos com desconfiança em seu país porque fizeram primeiro sucesso nos EUA com a música Creep. Para muitos aquele seria mais um caso de “one hit wonders” (artistas que fazem um grande sucesso e somem). O segundo disco já foi mais bem recebido, mas demorou um pouquinho para a crítica se ligar que The Bends estava ganhando um enorme número de fãs e influenciando o surgimento de outras bandas (a imprensa tentou batizar a cena de “New Grave” mas o termo não pegou). Por conta disso, a expectativa para o terceiro disco era grande e Paranoid Android, o primeiro single/aperitivo, mostrou que algo de muito sério estava para acontecer. No lugar do som que cruzava Smiths com Nirvana e Pixies do começo o que se ouviu foi uma música com mais de 5 minutos e cheia de pequenas partes. Houve quem achasse que era a volta do rock progressivo, outros falaram em Bohemian Rhapsody para o novo milênio. Mas isso não importava, importava mesmo é ver que com Paranoid Android (e o disco Ok Computer) o Radiohead voltava a levantar a bandeira do rock experimental e futurista, para alívio de muitos. Essa veia da banda foi sendo aprofundada nos anos seguintes, a ponto de ninguém mais saber dizer se o que a banda de Thom Yorke faz hoje em dia é mesmo rock.
- The Flaming Lips: Do You Realize?
O caso dos Flaming Lips é quase que único. Eles estão na estrada desde os anos 80 e no início dos 90 emplacaram o semi-hit She Don't Use Jelly. Na segunda metade da década eles estavam se tornando aquele tipo de banda que só gera interesse entre os fãs mais fiéis. Finalmente o grupo deu sua grande cartada com “The Soft Bulletin”. Um disco repleto de camadas, trucagens de estúdio e grandes melodias. O segundo e maior passo foi dado no disco seguinte: Yoshimi Battles the Pink Robots. Esse era um trabalho conceitual contando a história de hmmm, Yoshimi batalhando com os robôs cor de rosa. O grande momento do disco foi a balada Do You Realize?, tão bela quanto triste ao lembrar que todo mundo que a gente conhece um dia vai morrer. O som viajante dos Flaming Lips, se tornou um dos modelos padrão dentro do rock independente desse novo século, servindo de contraponto ao rock básico de Strokes, White Stripes e Kings of Leon.
- White Stripes: Seven Nation Army
No rock o riff deve ser a moeda mais valorizada. Dá pra contar a história do gênero através deles e não tem banda que não se orgulhe quando cria um riff poderoso (veja a animação de Bono quando fala de Vertigo). Seven Nation Army tem um dos melhores riffs já criados e ponto. Pode-se achar Jack White chato e se reclamar que a baterista Meg White não sabe nem sentar no banco e quanto mais tocar bateria, mas não é qualquer um que consegue criar uma canção dessas. Além dela ter se tornado o maior hit dos Stripes (ao lado dos Strokes a banda mais celebrada pela imprensa nesse início de século) virou hino de arquibancada, grito de guerra da “massa funkeira” e, o mais importante, ela é daquelas músicas fáceis de se tocar, ou seja, muita banda e músico vai dizer que essa foi a primeira música que tocaram.
- OutKast: Hey Ya!
Existem canções que sabe-se lá como entram no inconsciente coletivo. Hey Ya! é assim, uma música que uniu por um momento fãs de pop, rock, rap e toda a crítica. O Outkast há tempos já vinha gravando discos e cativando público e jornalistas com sua mistura de rap, soul, funk e pop, que soava como um bálsamo no meio de tanto rapper misógino e metido a bandido. A dupla atingiu o auge com o cd duplo Speakerboxxx/The Love Below (na verdade dois discos solo, cada um feito por uma de suas metades – Big Boi e Andre Benjamin) e criou uma música que para sempre vai nos remeter aos primeiros anos do século XXI.
- Green Day: Wake Me Up When September Ends
Engraçado que tenha cabido ao Green Day, uma banda que sempre se pautou no bom humor e inconseqüência, o papel de criar as canções de protesto que marcarão os sombrios anos Bush. Quando o trio disse que iria lançar um disco conceitual sobre o atual momento norte-americano, a maioria riu. Quando, meses depois, o cd estourou a banca, todos se calaram. Dentre os vários hits de American Idiot essa balada é a que provavelmente irá ficar por mais tempo na memória das pessoas, muito graças ao seu vídeo que mostrou que certas situações só vistas em filmes sobre o Vietnã estavam acontecendo novamente bem na nossa cara.
Tentamos também ser objetivos na criação da lista evitando que o gosto pessoal interviesse no resultado (assim se você sentir falta de alguma banda ou artista saiba que nós também deixamos inúmeros favoritos de fora). Ainda assim, quem souber ler nas entrelinhas vai ver que a relação tem na verdade bem mais que 100 canções.
Os 100 nomes são assim uma espécie de “consenso da crítica”, com artistas e músicas que sempre figuram em eleições de “melhores de todos os tempos” (o site www.rocklist.net foi uma das maiores fontes). O nosso dedo entrou mais na hora dos critérios, sendo o principal deles o de evitar ao máximo a repetição de nomes a não ser que ele fosse indispensável (os artistas com duas ou mais mudanças radicais de estilo em sua trajetória). Por esse mesmo critério não incluímos canções das carreiras solo de ex-membros de bandas já incluídas (o que justifica a ausência de John Lennon, Lou Reed e Iggy Pop, entre outros).
A inclusão das músicas baseou-se em diversos critérios para evitarmos uma listagem monótona. Por vezes escolhemos a música mais famosa, em outras a mais influente e em algumas situações a que acreditamos ser a melhor porta de entrada para o artista ou gênero.
Com todas as explicações dadas estamos abertos para críticas, dúvidas e sugestões. Mas, agora é hora de deixar de papo e irmos para: As 100 Músicas mais representativas da era do Rock!
Fonte
Elvis Presley
Ou a pedra fundamental do rock 'n roll. A história de That's All Right, Mama já virou lenda. Conta-se que no intervalo de uma de suas primeiras gravações, em 5 de julho de 1954, Elvis começou a brincar com uma antiga canção country no que foi seguido pelo pessoal da banda. Sam Philips, o produtor e dono dos estúdios Sun, perguntou o que era aquilo e pediu para eles não pararem. Surgia ali o misto de country e blues que viraria o rock'n'roll e Philips provou que estava certo quando disse que se encontrasse um branco que cantasse como negro ficaria rico.
Little Richard
Mais que uma música um grito de guerra selvagem e primal. Tutti Frutti representa bem o que era Richard nos anos 50: o primeiro rock star sexualmente ambíguo, um homem que causava polêmica e escândalo e que com isso obviamente conquistava fãs. Poucos anos depois o cantor se convenceu que o rock era coisa do diabo e tornou-se pastor (foi ele quem casou Bruce Willis e Demi Moore entre outras celebridades). Hoje em dia ele já encontra-se em paz consigo e sua obra e segue tocando seus velhos hits pelo mundo.
Buddy Holly
Se o rock dos anos 50 era rude e cru, Holly era o oposto disso. Buddy Holly preferia fazer canções mais melodiosas com raízes fortes no country e no pop das décadas anteriores. Ele também foi o primeiro roqueiro com pinta de nerd, com seus óculos de lente grossa e cara de bom moço. Por isso pode-se falar que foi ele que abriu caminho para o surgimento do conceito de “pop/rock”. Buddy Holly, com sua banda The Crickets, também criou o formato básico de uma banda de rock: duas guitarras, baixo e bateria. Dentre as poucas gravações que deixou em vida, That'll Be The Day é uma das mais felizes, mas discoteca nenhuma está completa sem uma boa coletânea dele com outros sucessos como Peggy Sue e Oh Boy. Holly aparentava ter um futuro brilhante, mas tudo se interrompeu no dia 3 de fevereiro de 1959 quando ele perdeu sua vida no mesmo acidente aéreo que matou Ritchie Vallens. Paul McCartney, era tão fã, que anos mais tarde veio a comprar os direitos de suas canções.
Chuck Berry
Berry talvez só perca para Jimi Hendrix no quesito guitarrista mais influente do pós guerra. Seus riffs e trejeitos foram imitados, aumentados e, por vezes, até aperfeiçoados, mas jamais igualados. Berry também se mostrou um dos melhores letristas do rock com suas histórias cheias de malandragem que atingiam o coração de teens ao redor do planeta. É difícil selecionar só uma canção para representá-lo, mas Johnny B. Goode cumpre a tarefa, pois mais do que um grande hit ela se tornou um verdadeiro standart do rock, tendo sido interpretada desde então por um sem número de artistas e bandas, assim como outras canções dele como Roll Over Beethoven, Rock And Roll Music e tantas outras.
Ray Charles
Antes havia o sagrado (a música Gospel) e o profano (o Blues). Ray Charles, que era cego desde a infância, numa tacada de gênio juntou as duas coisas em um só e criou o Rhythm 'n Blues que iria evoluir e se tornar nos anos seguintes a soul music. What'd i Say, tinha 8 minutos originalmente e acabou dividida em duas partes no compacto. Outras duas versões foram feitas para agradar aos lojistas e pessoal de rádio. O resultado compensou, já que esse foi o primeiro disco de Ray a vender 1 milhão de cópias. em 2004 a atribulada vida de Ray virou filme e Jammie Fox levou o Oscar de melhor ator por sua interpretação.
The Shirelles
Os grupos de garotas foram uma das manias no início dos anos 60 que até hoje rende frutos e filhotes. As Shirelles fizeram grande sucesso com essa canção de Carole King (na década de 70 ela regravou a música em uma versão tristíssima e também antológica em seu clássico disco Tapestry). Além da melodia e do arranjo cativantes, o que chamava a atenção era a letra de temática feminista, bastante ousada para a época, ao contar a história da garota que ouvia os maiores elogios do parceiro e depois se perguntava se ”amanhã ele ainda a amaria”.
Roy Orbinson
Nos anos 50 Roy gravou muito rockabilly para a Sun Records. Mas foi só quando se tornou baladeiro é que sua carreira engrenou. Suas canções eram deliciosos pequenos dramas que ganhavam muito com seus falsetes. Roy gravou outros clássicos do pop como In Dreams e Oh Pretty Woman, mas Crying é mesmo sua obra prima, capaz de levar não só o personagem da canção, mas qualquer um às lágrimas.
Ronettes
Entre o fim da primeira era do rock e o surgimento dos Beatles, quem tinha poder mesmo eram os produtores mais do que os intérpretes. E nenhum produtor foi mais famoso e influente que Phil Spector. Aqui ele pôs a prova a sua “parede de som” que consistia em empilhar um sem número de instrumentos criando uma massa sonora de forte impacto. Be My Baby, hit até hoje, foi um dos mais bem acabados exemplos de suas “Sinfonias para os adolescentes” e serve para mostrar como todas as fases de uma música são importantes para um resultado satisfatório: a composição, a escolha certa do intérprete, a gravação, a produção adequada e por fim a mixagem.
Kingsmen
Há quem diga que rock não precisa de sofisticação e que por vezes é melhor que não tenha nenhuma mesmo. Para os defensores dessa tese isso nunca isso foi tão claro quanto nesse verdadeiro hino gravado e regravado á exaustão por inúmeros artistas das mais diversas envergaduras (roggs, The Kinks, Iggy Pop são só alguns deles). Essa aqui é a versão mais clássica, gravada pelos Kingsmen, que dali despontou para o anonimato. Tudo bem, eles já tinham deixado sua marca na história com essa típica canção que qualquer pessoa consegue tocar. Por isso mesmo ela é sempre uma das primeiras que várias bandas inciantes tocam quando estão começando.
The Beatles
Sintetizar a carreira dos Beatles em poucas canções é tarefa dura. A Hard Day's Night entra aqui pelo frescor que ainda exala mesmo após mais de 40 anos; pelo acorde inicial de guitarra, que até hoje arrepia fãs de todo o mundo, e porque sempre vai estar ligada às cenas inicias do filme de mesmo nome, a melhor descrição do que foi a Beatlemania. Da mesma forma poderíamos lembrar de All My Loving, Help!, She Loves You, Yesterdayou I Wanna Hold Your Hand, todas gravadas entre 63 e 65 ainda na primeira fase da banda. E há ainda quem se pergunte por que eles foram tão grandes.
The Kinks
Os Kinks eram a banda de Ray Davies, um dos grandes crônicos da vida social inglesa e compositor de mão cheia. No decorrer dos anos 60 (e também 70 e 80), ele também criou óperas rock, baladas antológicas e brigou muito com seu irmão mais novo Dave Davies. Mais que isso, para muitos ele criou o heavy metal em 1964, ao lançar esses três minutos de energia em estado bruto. Segundo a lenda quem toca o solo é Jimmy Page – antes de formar o Led Zeppelin ele era músico de estúdio - mas Page até hoje não confirma ou desmente a história preferindo manter o mistério.
Sam Cooke
Para muitos, Rod Stewart por exemplo, Sam Cooke foi o maior cantor que já pisou nesse planeta. Cooke morreu assassinado em 11 de dezembro de 1964. Poucos dias antes havia gravado esse clássico, bastante influenciado pela música de protesto de Bob Dylan e que seria muito usada em manifestos pelos direitos civis da população negra norte-americana. A Change... que marcava uma guinada na direção da carreira de Cooke (muitas vezes acusado de estar diluindo sua música para o público branco) acabou sendo seu epitáfio ao invés de um novo começo.
Righteous Brothers
Uma das canções mais executadas da história, You've lost... é um épico de quatro minutos, (que no selo trazia uma duração de 3:05 para não assustar os radialistas) mais uma vez produzido por Phil Spector e interpretado por Bill Medley e seu barítono inigualável.
Rolling Stones
Existem músicas e existem hinos, canções que marcam toda uma geração e continuam fazendo sentido para quem vem depois. Assim é Satisfaction, uma música que pode-se ouvir sem parar e mesmo assim não ficar cansado dela. Satisfaction além de ter se tornado talvez o maior clássico do rock, serviu para mostrar que o quinteto inglês não era mais uma entre as tantas bandas britânicas que estavam conseguindo emplacar nos Estados Unidos na cola dos Beatles. Ao contrário de muitos grupos, os Rolling Stones tinham um som e temática próprios, além de talento e arrogância em quantidades suficientes para lhes garantir um lugar ao sol mesmo quando a chamada invasão inglesa chegasse ao fim.
The Byrds
O Byrds foi a banda americana que mais revoluções causou no panorama pop de sua época. Esse foi o primeiro compacto deles e ajudou a misturar dois mundos que vivam separados: o da música folk, reduto de universitários politizados e sem muita paciência para as frivolidades do pop e o mundo do rock, representado principalmente pelos Beatles, então em seu auge. Mr. Tambourine Man, levou os Byrds,e Bob Dylan, o autor da canção, ao primeiro lugar das paradas e daria início a uma carreira repleta de grandes momentos como veremos mais abaixo.
Smokey Robinson
Se até Bob Dylan disse que Smokey Robinson era o maior letrista vivo, quem somos nós para discordar? Ao lado dos Miracles, Robinson forjou o que ficou conhecido como “som da Motown”, a saber, uma música negra doce e rica em melodia, em contraste com o som mais rude e cru que sempre foi o preferido pelos fãs e músicos de black music. Com essa fórmula, a Motown tomou conta dos anos 60 com a sua conhecida “linha de montagem” (a gravadora ficava em Detroit a terra das montadoras). Tudo ali era estudado: o figurino, a postura do artista e qual o compositor certo para cada cantor ou grupo. Todos acompanhados pela banda da casa, os Funk Brothers. Robinson escapava um pouco dessa linha porque sabia cantar como poucos, compor como outros menos ainda e também por ser vice-presidente da companhia. The Tracks Of My Tears é o seu ápice como artista. Em cima da melodia perfeita, Robinson conta a história do rapaz triste que se esconde por trás de uma máscara de felicidade.
Bob Dylan
“Existem artistas que falam por sua geração”. Foi assim que Jack Nicholson apresentou Bob Dylan no Live Aid de 1985. Entrar no mundo de Dylan pode ser difícil: as letras são gigantescas, a voz anasalada não ajuda e até para quem fala inglês muito bem pode ser difícil de captar todas as imagens de suas letras. Mas quando você entra nesse planeta dificilmente sai. Essa canção é uma excelente porta de entrada para esse mundo: seja pela linha de órgão criada no improviso por Al Kooper, pela melodia forte que não cansa, apesar dos mais de seis minutos e pela interpretação carregada de Dylan falando da madame que vira mendiga. Dylan gravou vários discos e músicas fundamentais antes e depois desse compacto de julho de 1965, mas aqui mais do que uma simples canção a gente fala de um acontecimento que marcaria a história da arte no século 20. A revista Rolling Stone a elegeu a melhor música da história do rock e a inglesa Uncut a considereou o maior acontecimento da cultura pop dos últimos 50 anos.
The Beach Boys
Os Beach Boys foram das poucas bandas americanas a fazer frente aos Beatles na década de 60. As composições de Brian Wilson no começo falavam de surf, garotas e carrões em um momento em que, pensava-se, a vida seria sempre um mar de rosas. Em 1965 Brian sofreu um colapso mental e decidiu não se apresentar mais com a banda para se dedicar apenas ao trabalho em estúdio. A decisão foi acertada, já que California Girlsmostrava uma sofisticação impensada para quem conhecia os primeiros discos do grupo. Duas curiosidades: a introdução da canção é considerada por Brian o melhor trecho de música escrito por ele e em 1985 David Lee Roth, o ex-vocalista do Van Halen, gravou uma versão com bastante sucesso, que contava com a participação do próprio Brian Wilson nos vocais de apoio.
The Temptations
Além de cantor e performer, Smokey Robinson era um dos principais compositores da Motown. Ninguém tirou mais proveito de suas canções que os Temptations, o grupo de música negra mais popular dos EUA nos anos 60. Dentre os inúmeros hits que o grupo teve, My Girl brilha. Uma canção capaz de cativar sucessivas gerações de ouvintes graças à combinação perfeita de letra e melodia. Na segunda metade dos anos 60, a banda passou a gravar discos de “soul psicodélico” com o produtor Norman Whitfield em outra fase rica que rendeu hits como Papa Was A Rolling Stone e Cloud Nine.
The Who
O The Who surgiu no início dos anos 60 e logo se tornou a principal banda Mod da Inglaterra (os mods gostavam de soul music, boas roupas, lambretas e de arrumar briga com os suburbanos rockers). Antes de descobrir a ópera rock, Pete Towshend, o guitarrista e autor de 98% das músicas, era o rei dos compactos. Quase todos os singles que ele compôs para o Who nos anos 60 são antológicos. Na verdade pelo menos I Can See For Miles e My Generation deveriam também estar aqui (além de Won't Get Fooled Again sobre a qual já já falamos mais). Mas como o espaço é curto ficamos com esse perfeito exemplo de canção curta, grossa e capaz de levar o ouvinte para um outro estado de espírito.
Ike and Tina Turner
O último grande momento de Phil Spector e o fim de uma era. Dessa vez ele contratou Tina Turner a peso de ouro (Ike Turner o marido, parceiro musical e espancador de esposa, ficou só olhando) e por meses trabalhou no que seria a sua maior criação. Em partes ele conseguiu seu feito, pois poucas músicas na história do pop são tão celebradas. O problema é que, apesar de ter atingido a terceira posição na parada britânica, o disco foi um gigantesco fracasso na América. Terminava ali a era dos produtores e Phil nunca mais se recuperaria apesar de ter gravado discos com John Lennon e George Harrison. Já Paul McCartney nunca perdoou o arranjo sentimental feito por ele para The Long And Winding Road no disco Let it Be dos Beatles. Ike and Tina Turner seguiram fazendo nos anos 60 e começo dos 70 um dos melhores shows que já se teve notícia. Um dia Tina se cansou dos abusos do marido e fugiu só com a roupa do corpo. Após anos difíceis ela conseguiu se reerguer para se tornar uma das maiores estrelas pop dos anos 80.
The Byrds
Ao contrário do que se pensa, essa não é uma música sobre drogas. Mas fica difícil acreditar na história de que ela só fala sobre a primeira turnê dos Byrds pela Inglaterra. Tanto que a música na época foi banida em boa parte das rádios americanas. Se a letra em tese não fazia nenhuma alusão ao LSD, a música realmente parecia ter sido feita após uma grande viagem, especialmente por conta dos solos de guitarra de Roger McGuinn, inspirados diretamente na música do saxofonista John Coltrane. Eight Miles High é considerado o primeiro single psicodélico, influenciaria boa parte da música que foi ouvida no mundo nos anos seguintes e segue soando moderna e instigante.
The Beatles
Cansados das fãs barulhentas e de todo o caos que os circundava, os Beatles decidiram parar de tocar ao vivo e se concentrar apenas nas sessões de gravação. A partir dali a banda iria se dedicar a compor e a experimentar drogas e novas técnicas de estúdio. Strawberry Fields Forever mostra esse novo lado deles, numa composição onde John Lennon relembra sua infância – Strawberry Fields era um orfanato onde ele brincava - em cima de uma melodia que soa ao mesmo tempo familiar e estranha. O mais engraçado é saber que o compacto (que também tinha Penny Lane do outro lado) hoje considerado um dos cinco ou dez fundamentais do rock, foi o primeiro do grupo em muito tempo a não atingir o primeiro lugar da parada inglesa.
The Kinks
Mais característica do som dos Kinks essa balada melancólica é uma das músicas mais queridas pelos ingleses que costumam colocá-la nas primeiras posições quando fazem suas listas de “melhores compactos da história”. Essa ode ao jeito inglês de se viver mostra o porquê da banda de Ray Davies fazer parte do "quarteto fantástico" inglês com os Beatles, Rolling Stones e The Who.
Velvet Underground
Em 1967 o mundo era só paz, amor e flores no cabelo, quer dizer, menos para esses Nova Iorquinos que preferiam cantar sobre traficantes, heroína, paranóia ou, como nessa canção, sado-masoquismo. Tudo regado a muita dissonância, barulhos diversos e, sim, até boas melodias pop. O primeiro disco do Velvet não vendeu nada em sua época, mas, como costuma ser dito, quem o comprou montou uma banda. O grupo de Lou Reed (eJohn Cale que saiu depois do segundo LP para se tornar artista solo e produtor) foi pra lá de visionário, já que o punk, o pós punk e os estilos dali derivados, jamais teriam existido sem a banda. Ainda assim na época com poucas vendas a banda sucumbiu. Felizmente um dos grandes fãs do grupo era David Bowie e foi ele quem tirou Lou Reed do limbo no início dos anos 70, produzindo seu disco mais famoso, Transformer.
Jimi Hendrix
Existem guitarristas e existe Jimi Hendrix. Até hoje ninguém conseguiu fazer tanto pelo instrumento em tão pouco tempo, já que ele morreu com meros 27 anos. Jimi experimentou timbres, efeitos e tocava muito, quer dizer MUITO. Na verdade ele achava mais legal gravar longas faixas experimentais, mas seu empresário Chas Chandler, dizia que seria mais jogo se ele, e sua banda, o Experience, lançassem músicas mais concisas que pudessem tocar na rádio. Purple Haze acaba servindo a todas as partes, já que poucas músicas tão inventivas e ousadas como essa chegaram às paradas desde então. Hendrix também quebrou barreiras raciais, já que ele nunca se preocupou em separar negros e brancos - fosse no palco, na platéia ou em sua música, que era livre para ir do funk, blues e soul até o folk, jazz, pop ou o rock psicodélico.
Beach Boys
Depois de ouvir Rubber Soul, o líder dos Beach Boys ###ARTISTA##Brian Wilson### decidiu que sua missão era a de superar os Beatles. Pet Sounds foi o resultado direto dessa competição e ele podia se gabar de ter conseguido seu intento já que o trabalho resultou em um dos melhores, se não o melhor, discos de rock da história. Pet Sounds era para ter sido um começo. As ambições de Wilson atingiriam o ápice com Good Vibrations, o compacto que tomou as paradas de assalto em 1967. Gravado a um custo astronômico em diversos estúdios, a faixa seria a peça central do disco Smile. Infelizmente tomado por uma paranóia gigantesca que debilitou de vez o já frágil Wilson, Smile acabou abortado antes de seu término e os Beach Boys nunca mais teriam o mesmo sucesso. 37 anos depois Wilson resolveu enfrentar seu maior fantasma e em 2004 ele finalmente resolveu gravar e lançar Smile tal como ele imaginou nos anos 60. Público e críticos concordaram que a espera valeu a pena.
Jefferson Airplane
São Francisco foi o berço da psicodelia. De lá saíram inúmeras bandas afeitas a longas viagens instrumentais (geralmente servindo de trilha sonora para as viagens de ácido da galera). Em meio a nomes como Grateful Dead, Moby Grape, Big Brother and the Holding Co. (que revelaria Janis Joplin) e Quicksilver Messenger Service, brilhava o Jefferson Airplane responsáveis por bons discos além dessa música com seu ritmo oriental e a letra tão direta quanto se podia ser em 1967 ("uma pílula te deixa grande e outra pequeno, mas as que a suas mãe te dá não fazem nada") que chegou no top 10 americano. A revista inglesa Mojo a elegeu a melhor canção sobre drogas já escrita.
The Doors
Assim como o Velvet Underground, os Doors tinham um fascínio pelo lado oculto da vida. Mas se a banda de Lou Reed passou anos no ostracismo, os Doors do vocalista Jim Morrison se tornaram muito populares, tocando para garotinhas histéricas e se apresentando no Ed Sullivan Show. Jim tinha um comportamento errático por conta do abuso de substâncias lícitas e ilícitas. Sendo assim a banda era capaz de gravar grandes músicas e discos de material inferior. Break On Through obviamente entra na primeira lista, com a batidinha bossa-nova preparando a chegada do órgão de Ray Manzareck e a clássica entrada de Morrison: "You know the day destroys the night...". Os excessos custaram a vida de Jim que morreu em 1971, os sobreviventes tentaram continuar mas desistiram após gravarem dois discos que, até hoje, quase ninguém ouviu. O legado por sua vez só aumentou seja na influência direta exercida em bandas como The Cult ou Echo and the Bunnymen ou com os jovens fãs que conheceram a banda pelo filme biográfico dirigido nos anos 90 por Oliver Stone.
Procol Harum
Mais um caso de "se essa banda só tivesse feito essa música já teria valido". A Whiter Shade of Pale tomou conta do planeta em 1967. A letra enigmática, a interpretação de Gary Broker e, especialmente, o solo de órgão descendente direto de Bach tornaram a música uma das mais tocadas não só da época como da história. Depois desse grande sucesso, a banda tentou, sem conseguir, emplacar outro single (Homburg) e lançou discos que passaram despercebidos pelo grande público, mas são bastante estimados pelos fãs de rock progressivo.
Aretha Franklin
Otis Redding compôs e gravou essa música primeiro e disse após ouvir a versão de Aretha Franklin que ela tinha roubado-lhe a música. Aretha pode ser considerada a maior cantora da história da música pop. Até hoje milhares de aspirantes tentam chegar no seu nível de interpretação e alcance vocal em vão. Um verdadeiro hino feminista, Respect demonstra bem os poderes dela e de todos que a circundavam (o time de ouro da gravadora Atlantic - gente como os produtores Jerry Wexler Tom Dowd e Arif Mardin, a Muscle Shoes band...). Fãs de cantoras como Mariah Carrey ou Whitney Houston fariam por bem em conhecer os trabalhos da cantora. Especialmente os gravados entre 1967 e 1973.
Otis Redding
Representante maior do soul da Stax, bem mais cru e pesado que o da Motown, Otis Redding estava pronto para se tornar não só um cantor de sucesso, como uma mega-estrela. Sua participação no Festival de Monterey tinha deixado todos de boca aberta e o sonhado crossover (quando um artista consegue transpor o seu nicho de mercado) acenava. Tudo isso acabou no dia 9 de dezembro de 1967 quando Otis morreu em um acidente aéreo logo após o término da gravação dessa música. Sitting On The Dock Of The Bay saiu poucos dias depois e atingiu o primeiro posto da parada americana. E assim como anos antes acontecera com Sam Cooke o que era pra ser o início de uma nova fase tornou-se o epitáfio de uma das maiores vozes da música norte-americana.
The Beatles
Passada a onda psicodélica os Beatles voltaram a um som mais básico mas nem por isso menos rico. Hey Jude escrita por Paul McCartney para o filho de John, Julian Lennon, foi além do primeiro lançamento da Apple, o selo da banda,o compacto mais vendido da carreira deles, mesmo tendo mais de 7 minutos. O compacto Hey Jude/Revolution marcou o início da fase final da banda, onde as músicas eram escritas em separado e os estilos dos compositores ficava mais proeminente: Lennon cada vez mais raivoso e politizado e McCartney mais introspectivo, esperançoso e baladeiro. George Harrison correria por fora e também iria contribuir com grandes canções para o repertório do grupo, notadamente em Something, que hoje só perde para Yesterday em número de regravações.
The Zombies
Os Zombies começaram ainda na primeira metade dos anos 60 fazendo um som que mesclava Beatles com as viagens do órgão de Rod Argent. Em 1967 eles gravaram Odessey and Oracle - hoje presença obrigatória nas listas de grandes discos já feitos - e duas semanas depois se separaram, cansados da falta de sucesso. O disco só acabou saindo porque o influente Al Kooper implorou à gravadora. O resultado? Time Of The Seasonchegou ao número 1 da parada americana e se tornou a música tema de 1968 (sua levada inspiraria os Mutantes a criarem Ando Meio Desligado). Mesmo com todo esse sucesso o grupo decidiram não retornar e até hoje fãs se perguntam o que mais eles poderiam ter criado com um pouco mais de tempo... e sorte.
Marvin Gaye
Marvin Gaye foi mais um nome que fez história dentro da Motown. No começo ele gravava o soul típico da gravadora, repleto de cordas e belas melodias. I Heard through the Grapevine contou com a produção moderna de Norman Whitfield e além de ter marcado um novo ponto de partida para Marvin Gaye se tornou o compacto mais vendido da história do selo. Interessante é saber que a canção a princípio tinha sido colocada dentro de um álbum de Marvin apenas para preencher espaço até ser descoberta por um radialista de Chicago. Outra: antes de ganhar sua versão definitiva a música foi gravada por Gladys Knight que a levou para o segundo lugar da parada americana.
Creedence Clearwater Revival
O Creedence era o veículo de John Fogerty que resolveu levar o rock de volta às suas origens no blues, rockabilly e r'n'b e tendo o compacto como veículo de expressão fundamental. Assim ele tornou a sua banda uma das mais importantes e lucrativas de sua era. Fogerty lançava música atrás de música (só em 1969 foram 3 Lps) e elas sem erro iam parar nos postos mais altos da parada. Entre suas músicas mais antológicas estãoProud Mary, Have You Ever Seen The Rain? e muitas outras que até hojem fazem sucesso em rodas de violão, barzinhos e rádios de classic rock. Entre todas essas Fortunate Son foi a sua grande obra-prima. Um raivoso manifesto anti Vietnã que lembrava que muitos iam para a guerra por não terem as costas quentes.
Elvis Presley
Nos anos 60 Elvis perdeu terreno para os artistas da Invasão britânica e para outros gêneros que tomaram forma na década (como o soul dos selos Motown e Stax e o folk de protesto). Presley seguia o conselho do Coronel Parker, seu empresário, que dizia que rock era coisa passageira e sugeriu que ele se concentrasse no cinema. Por isso, ele nunca mais havia pisado em um palco desde o fim da década de 50. Em 1968 ele resolveu voltar a ser o Rei. Gravou um especial para TV que ficou conhecido como "O show da volta" e retornou à Memphis para gravar nos estúdios Muscle Shoals. Lá registrou um punhado de canções repletas de soul, country e blues que viraram o disco "From Elvis in Memphis". Dentre essas uma se destacou logo de cara, era Suspicious Minds que o colocou novamente no primeiro lugar da parada.
The Band
Diz-se que The Band foi a melhor banda de rock... do século XIX. Esse grupo de maioria canadense realmente parecia viver em outra era e, por mais estranho que pareça, é isso que ainda hoje os torna tão atemporais e frescos. Antes de virarem "A Banda" os membros do grupo haviam, entre outras coisas, acompanhado Dylan em sua polêmica turnê de 66, quando ele abandonou a gaita e violão para partir para o rock'n'roll e ganhou em troca uma chuva de vaias por onde passou. Também ao lado de Dylan eles gravaram em 1967 as célebres Basement Tapes (uma série de gravações caseiras repletas de folk, blues, humor e rusticidade, isso quando o resto da realeza do rock abraçava o psicodelismo, que era futurista e colorido por definição). Em 68 eles chegaram ao primeiro álbum e criaram todo um movimento de “volta às raízes” e vida bucólica. O segundo disco foi ainda melhor e é dele que vem The Night They Drove Old Dixie Down, canção de forte carga emocional que conta um episódio da guerra da Secessão do ponto de vista dos sulistas.
Led Zeppelin
Passada a onda psicodélica algumas bandas voltaram para o rock mais básico enquanto outras preferiram seguir viajando. Desse embate nasceriam dois dos estilos que definiram os anos 70: o rock progressivo e o hard rock/heavy metal. O Led deu seqüência às idéias do Cream de Eric Clapton e de Jimi Hendrix: um som pesado e com forte influência do blues americano. A essa receita o líder e guitarrista Jimmy Page acrescentou umas pitadas de música celta, um baterista mosntruoso (John Bohan falecido em 1980, selando o fim da banda) e um baixista quietinho mas muito talentoso chamado John Paul Jones. Ah tinha também o vocalista e sex symbol Robert Plant e seu jeitão de hippie e fã do “Senhor dos Anéis”. Some a isso um empresário brutamontes (que chegava a cobrar 90% da bilheteria dos shows) e o resultado não poderia ser diferente: O Led Zeppelin se tornou a maior banda dos anos 70, mesmo com a crítica toda caindo de pau (coisa difícil de se acreditar hoje em dia). Selecionar uma ou duas músicas do grupo também é tarefa complicada. Stairway To Heaven talvez até fosse a escolha mais óbvia, mas é em Whole lotta love que se cristaliza o som da banda com o vocal gritado, o riff que todo guitarrista mais cedo ou mais tarde aprende a tocar e a parte final com o uso do Theremin selando a mistura de passado e futuro. Detalhe: o Zeppelin tinha o "hábito" de roubar antigos blues e renomeá-los (sem dar crédito nenhum para os autores). Para muitos a música é somente uma versão turbinada de um antigo blues gravado por Muddy Waters You Need Love. A semelhança fez com que o compositor Willie Dixon ganhasse parceria na música.
Sly And The Family Stone
Sly Stone foi pioneiro na integração entre música e músicos negros e brancos. Ao lado da Family Stone ele forjou um som único que misturava soul, funk, pop e rock em uma série de ábuns e compactos importantíssimos. A sua faixa que ficou mais célebre é essa aqui, especialmente depois dela ter entrado no documentário sobre Woodstock - onde a banda fez para muitos o melhor show de todo o evento.
The Stooges
Ser adolescente nos EUA em 1969 não devia ser fácil. O fantasma do Vietnã rondando a casa, os Beatles se esfacelando, o pessoal se ligando que esse papo de paz e amor não ia levar a nada. Foi nesse clima que os Stooges surgiram para total incredulidade da comunidade rock. Ali estavam 4 moleques que mais pareciam um bando de doentes mentais, loucos por drogas fazendo algo que alguns anos depois se chamaria punk rock. O grupo original deixou apenas dois discos e um rastro de destruição, drogas, brigas e corações partidos no meio do caminho. Entre as suas canções essa diz muito sobre as suas intenções: "É 1969, outro ano para os USA, outro ano para mim e você, outro ano sem nada pra fazer". Apesar de tamanho niilismo, eles acabaram fazendo bem mais que a maioria dos mortais. Com o fim da banda apenas Iggy Pop conseguiu manter (aos trancos e barrancos) a sua carreira. Em 2005 ele reuniu os irmãos Asheton (Ron e Scott - guitarra e bateria), sobreviventes da formação original, e os colocou novamente na estrada com direito a passagem pelo Brasil e tudo.
David Bowie
Bowie foi o artista símbolo da década de 70. Entre suas inúmeras canções essa é a que melhor o sintetiza, principalmente pelo refrão: "Mudanças: vire-se e encare o desconhecido", já que foi isso que ele sempre fez por toda a sua carreira: arriscou-se em gêneros e personagens sem saber como sairia no final. Changes foi gravada em Hunky Dury de 1971, o último disco lançado antes dele dominar a Inglaterra com o álbum e personagem Ziggy Stardust que abriu as portas para o glam rock. Dali em diante Bowie esteve livre para atirar para todos os lados: voltou ao passado em um disco de covers, descobriu a música negra norte americana, abriu caminhos para a eletrônica e a world music e com Let's dance, de 1983 atingiu em cheio o mercado americano. Tudo isso até chegar ao personagem dos dias de hoje, o cara cool, em paz com seu passado e antenado nas bandas e tendências artísticas mais legais e inovadoras.
Nick Drake
Em seus poucos anos de vida Nick Drake não pôde desfrutar do sucesso, pois morreu com apenas 26 anos (não se sabe se por overdose acidental de anti-depressivos ou suicídio mesmo) em 1974. Seu legado foi de apenas três discos e um punhado de canções inéditas. Com o passar dos anos as suas delicadas composições foram atraindo um séquito cada vez maior de admiradores e influenciando muita gente no caminho (Renato Russo, que já havia gravado Clothes of sand pretendia fazer um disco inteiro com suas músicas). A carreira de Drake se beneficiou de um fato interessante e que deveria sempre ser posto me prática: Sua gravadora sempre manteve seus discos em catálogo mesmo com pouca vendagem, o que manteve o seu nome em voga por gerações sucessivas. A linda Northern sky está presente em "Bryter Layter" o segundo disco e o mais indicado para se entrar em seu universo, pelos arranjos mais elaborados e por ser um trabalho mais para cima- até onde isso é possível- que seu disco anterior (Five Leaves Left) e o posterior - o soturníssimo Pink Moon.
Simon & Garfunkel
A dupla Simon & Garfunkel, já vinha de uma série de bons e bem sucedidos discos. Mrs. Robinson havia entrado na trilha de "A Primeira Noite de um Homem" e a dupla já era famosa no mundo todo. No fim dos anos 60 os dois começaram a tomar rumos distintos e por isso o Lp Bridge over Troubled Water demorou dois anos para ser completado. Quando foi para as lojas ele se tornou o maior sucesso da dupla, passando 10 semanas no topo das paradas e vendendo mais de 13 milhões de cópias ao redor do globo. A canção título se tornaria não só um hit, mas um monumento. Aquela música que transcende gêneros, barreiras e gerações, muito por conta da interpretação emocionante de Art Garfunkel e da letra no melhor estilo "ofereço-te uma mão amiga". Logo depois os dois se separaram. Paul Simon prosseguiu só em uma carreira de sucesso e vários momentos de brilhantismo. Art Garfunkel se deu menos bem como artista solo, mas se descobriu um tremendo ator.
James Brown
Até o surgimento de Michael Jackson não teve para quase ninguém. A maior estrela da música negra mundial era James Brown, o rei dos apelidos (Mr Dynamite, O cara que mais dá duro no showbusiness). Nos anos 60 Brown lançou vários compactos que se tornaram clássicos e hits eternos em pistas de dança como I Feel Good ou Papa's Got A Brand New Bag além de ter lançado aquele que é considerado o maior disco ao vivo já feito: Live at the Apollo Theater de 1963. No fim da década o cantor tramou sua segunda revolução: ao invés de fazer canções na acepção clássica do termo, ele resolveu limar quase tudo referente á harmonia e melodia e jogar todo o foco no rítmo da bateria e do baixo. Nascia ali o funk e estava aberto o caminho para o surgimento do rap anos depois (não a toa ele semrpe foi o campeão de samples no mundo do hip hop). Sex Machine é o melhor exemplo dessa nova maneira de se fazer música.
Black Sabbath
Há quem amaldiçoe o Black Sabbath por ter criado, praticamente sozinho, o Heavy-Metal. Já uma horda de adolescentes espinhentos sempre estarão prontos a ajoelharem-se perante Ozzy Osbourne, Tony Iommy e cia. Exemplo clássico de banda desdenhada pelo público dito "sério" em seu tempo, o grupo viria a ser considerado um dos mais importantes e influentes de todo o rock. Os temas sobre ocultismo, o carisma de Ozzy, os riffs poderosos de Iommy, tudo contribuía para um som pesado, soturno e viciante que às vezes até emplacava nas paradas de rádio, como é o caso de Paranoid, a única da banda a figurar no top 5 inglês e desde então, clássico incontestável.
Derek and the Dominos
O guitarrista Eric Clapton já tinha feito história nos anos 60 como membro dos Yardbirds, dos Bluesbreakers de John Mayall e principalmente do Cream e era chamado de Deus (da guitarra, é bom frisar). Na década seguinte ele se tornaria um artista solo de grande sucesso, emplacando vários discos nas paradas. Em 1970 o guitarrista formou o Derek and the Dominos com alguns amigos e o guitarrista Duane Allman dos Allman Brothers.Layla é uma apaixonada declaração de amor para Patty Boyd – a saber, a ex-mulher de George Harrison e futura senhora Clapton - que costuma brincar dizendo que duas das maiores canções de amor do rock: essa, e Something, foram feitas para ela . Problemas com álcool e drogas acabaram prematuramente com o Derek and Dominos e só Clapton escapou ileso. Duanne morreu em 1971 num acidente de moto, o baixista Carl Raddle foi vítima de envenenamento por álcool e o baterista Jim Gordon terminou preso em 1984 pelo assassinato de sua própria mãe. Apesar de tanta desgraça tanto essa música, quanto o resto do único disco de estúdio deixado pelo grupo, são de uma grande felicidade.
The Who
Em 1971 o Who já era uma mega-banda, principalmente por conta de Tommy, a ópera rock que vendeu horrores. Para dar seqüência àquele disco o líder Pete Townshend veio com uma ideia ambiciosa que misturaria filme, um concerto gigante, o uso pioneiro do sintetizador e uma história que ninguém entendeu direito. O pacote todo se chamaria Lifehouse que, como era de se esperar, não vingou. Muito a contra-gosto Townshend então pegou as melhores músicas que havia composto para o projeto e assim nasceu "Who's Next". Won't Get Fooled Again se tornou um clássico e a canção mais emblemática deles graças à força da banda (todos em seu auge como instrumentistas) e aos vocais de Roger Daltrey (há até quem defenda que o grito que ele dá quase no fim da canção é o maior momento da história do rock 'n roll).
The Rolling Stones
Em 1971 os Rolling Stones já eram a maior banda do mundo. Lançavam discos e compactos clássicos sem parar e atingiram o auge com Sticky Fingers. Brown Sugar, apesar da letra pesada falando de heroína, se tornaria um dos grandes clássicos da banda e o padrão a ser seguido sempre que eles queriam fazer um "rockão tipo Stones" (como Start Me Up por exemplo) e é uma das quatro ou cinco canções que jamais saem do repertório dos shows da banda.
Marvin Gaye
1971 foi a ano da virada para Gaye. Cansado de só cantar canções românticas com o mundo explodindo lá fora, ele bateu de frente com o chefão da Motown Berry Gordy exigindo gravar um disco abordando temas como racismo, ecologia e o Vietnã. Gordy se descabelou e disse não, mas acabou cedendo e não se arrependeu. What's Going On, a música, chegou ao segundo lugar das paradas e se tornaria uma das canções mais emblemáticas do período. What's Going on, o álbum também causaria revolução e é considerado um dos dois ou três álbuns mais importantes da soul music.
Yes
O mais vilipendiado dos estilos do rock merece um pouco mais de carinho. É claro que muita bobagem foi feita em nome do Rock progressivo, e não colocamos muitas músicas do gênero nessa lista porque o prog-rock não foi feito para ser sorvido aos poucos e sim tomado de goladas. Apesar das faixas longas, a maioria dos medalhões do gênero sabia fazer coisas de mais fácil aceitação. Assim o Genesis tinha I Know What I Like (In Your Wardrobe), o Rush Closer To The Heart, o Jethro Tull Aqualung e o Pink Floyd Money. Selecionamos essa música do Yes - presente no disco Fragile de 1971- porque além dela ser muito legal (óbvio) ela é da banda talvez mais associada com o gênero (e por isso a mais criticada) e, ao contrário de muita coisa feita na época, sobrevive bem ao tempo (que o diga Jack Black que indica a música para o futuro tecladista da "Escola de Rock").
Jimmy Cliff
Apesar de todas as conquistas de Bob Marley é sempre bom saber que provavelmente ele não teria sido o que foi sem o pioneirismo de Jimmy Cliff. Jimmy desde os anos 60 já era figura conhecida em vários pontos do planeta (ele se apresentou no Brasil em 1969 no Festival Internacional da Canção) e Bob Dylan disse que Vietnam era a melhor canção de protesto que ele já ouvira. O auge da carreira do jamaicano se deu em 1973 quando estrelou o filme “Balada Sangrenta” ou "The Harder they Come" no original. Mais importante ainda que o filme foi sua canção tema, que se tornaria um dos grandes clássicos do pop. A música foi vertida para o português pelos Titãs em seu disco de estreia com o nome de Querem Meu Sangue e regravada posteriormente com a participação do próprio Jimmy no bem sucedido Acústico MTV. A mesma versão fez sucesso com o Cidade Negra.
Elton John
Outro mestre da composição (se você discorda fica o convite para ouvir seus álbuns gravados entre 69 e 75). O excêntrico Elton teve seu auge nos anos 70 onde tudo que ele fazia emplacava. Seus discos alternavam rock'n'roll básico, músicas meditativas bem ao estilo folk rock que imperou no começo dos anos 70 e, sua maior especialidade, baladas derramadas e poderosas o bastante para agradar muita gente. Rocket Man saiu em 1971 e é um belo exemplo de um artista vivendo o auge de sua criatividade.
Big Star
Como o Velvet Underground, o Big Star teve de esperar para colher seus frutos. A banda foi a cria de Alex Chilton e Chris Bell que cansados do rock pomposo que dominava as rádios e paradas de então resolveram trazer de volta a música que lhes marcou tanto nos anos 60. Como era de se esperar, o mundo não estava muito a fim de uma volta ao som dos Beatles e Kinks em pleno 1972 e a banda acabou deixando um legado ínfimo de apenas três discos que não venderam quase nada (o terceiro só saiu depois do fim do grupo) mas ajudaram a criar o powerpop; Os anos se passaram e toda uma geração de bandas como o R.E.M, os Replacements e o Teenage Fanclub já na década de 90 descobriram que o som do Big Star que podia tanto ser melancólico/depressivo, quanto hard rock e pra cima era uma fonte inacabável de prazer. The Ballad of El Goodo só não foi um mega hit por conta dessas injustiças inexplicáveis que no final fazem parte da história do pop. Chris Bell, que saiu logo depois do primeiro disco, morreu num acidente automobilístico em 1979. Alex Chilton – que já tinha feito sucesso nos anos 60 como membro dos Box Tops- seguiu solo em uma carreira errática, mas topou remontar a banda que desde 1993 faz shows eventuais e também gravou um novo disco de estúdio.
Stevie Wonder
Um dos artistas mais completos já surgidos, Stevie Wonder começou nos anos 60 como “Little Stevie Wonder” - o gênio de 12 anos de idade. Na década seguinte Wonder já estava crescido e havia conseguido além de liberdade total de criação e produção um contrato milionário. Com o uso da melhor tecnologia que havia na época, Stevie gravou discos que vão durar anos e anos. Higher Ground, que foi regravada em 1989 pelos Red Hot Chili Peppers, é uma boa porta de entrada para o mundo mágico de Stevie e está no disco Innervisions. Vale muito a pena, na seqüência, conhecer outros de seus principais discos como Talking Book e o ambicioso álbum duplo Songs in the Key of Life .
Gram Parsons
Nos anos 60 rock era rock e country era country. A ideia de misturar as duas coisas soava absurda, já que um gênero era liberal e o outro conservador. Gram Parsons era um moleque caipirão que gostava dos dois estilos e resolveu provar que a mistura daria certo. Ele pôde colocar sua tese à prova quando entrou nos Byrds e ajudou a criar “Sweetheart of Rodeo”, o primeiro disco da cruza country e rock (e a terceira revolução sonora perpetrada pela banda como tínhamos falado lá atrás). Gram só ficou mesmo por um disco. Poucos meses depois ele abandonaria a banda e ainda levou o baixistaChris Hillman. Juntos eles formaram o Flying Burrito Brothers que lançou dois excelentes discos. Gram ficou amigo de Keith Richards e influenciou os Rolling Stones a criarem músicas como Dead Flowers e Wild Horses (os Burritos gravaram essa segunda antes dos autores). Em carreira solo Parsons só conseguiu gravar dois discos e o segundo, Grievous Angel, é melhor exemplo de seus talentos. Ao se ouvir a baladaça $1000 Wedding gravada em dueto com uma então desconhecida Emmylou Harris a vontade que se tem é de chorar: de emoção pela beleza da música e de tristeza ou raiva por ele ter partido tão cedo. Gram de tanto andar com Keith Richards achou que também tinha o dom da "imortalidade". Obviamente ele estava errado tendo morrido aos 26 anos vítima de uma overdose fatal em 19 de setembro de 1973, sem sequer tendo visto o lançamento de seu segundo Lp. Seu trabalho sobrevive até hoje nas canções de Wilco, R.E.M, Elvis Costello e e em toda banda de rock americano que adiciona pitadas de country e folk em sua mistura.
Queen
Tudo no Queen era exagerado. Nada mais justo então que a canção mais memorável da banda seja também a mais exagerada. Bohemian Rhapsody foi a grande obsessão de Freddie Mercury que segundo o baterista Roger Taylor "a tinha toda mapeada na cabeça". Conta-se que de tantos overdubs (ou gravações sobrepostas de vozes e instrumentos) a fita master quase ficou transparente. Tão importante quanto a música em si foi o vídeo feito para ela. Gravado às pressas porque a banda não poderia estar presente no (popular programa musical inglês) Top of the Pops e a um custo baixíssimo, o clipe da canção foi a prova definitiva de que os "promos" ou "tapes" (como os clipes costumavam ser chamados) poderiam servir para alavancar as vendas de discos, ao contrário do que se pensava até então.
Bob Marley
Bob Marley foi a primeira (e até agora única) mega estrela surgida em um país terceiro mundista. Marley tornou o reggae da sua Jamaica natal, em um ritmo universal. As apresentações de Marley no Lyceum de Londres em 1975 são um dos momentos chave da história do pop. Muitos os consideram os melhores shows dos anos 70. Se você quer saber se existe um fundo de verdade nisso é só ouvir o disco Live, ou apenas essa versão definitiva de um de seus maiores sucessos. No Woman No Cry já havia saído no disco Natty Dread de 1974 mas é difícil achar quem se lembre da versão original hoje em dia (e olha que era uma bela versão). A canção, também tem importância para nós brasileiros, já que foi com a versão de Gilberto Gil (gravada em seu disco Realce de 1978 como Não Chores Mais (No Woman no Cry)) que o grande público daqui travou seu primeiro contato com aquele novo ritmo(já a primeira menção ao termo reggae em um disco brasileiro cabe a Caetano Veloso que o mencionou em sua Nine Out Of Ten de 1972.
Bruce Springsteen
É uma pena que no Brasil Bruce Springsteen seja constantemente visto como um cantor que escreve hinos ufanistas para os EUA. É bom saber que toda sua fama em seu país deriva do fato dele escrever sobre e para os excluídos do sonho americano e, especialmente, porque ele é um compositor de mão cheia. Bruce louva o povo comum em suas canções, os errantes e os que tem gosto pela vida na estrada. A carreira de Bruce deslanchou em 1975, com o disco Born to Run que o colocou simultaneamente na capa da Time e da Newsweek. Nessa época o rock atingia um nível baixíssimo, com muita pompa, arrogância, discos fracos e um distanciamento do cada vez maior entre público e artistas. Bruce chegou com seu visual casual e entrega era a sua palavra de ordem (ele acreditava que só deveria deixar o palco após estar sofrendo de completa exaustão). Por isso para os americanos Bruce tem o mesmo impacto do punk para os ingleses, já que foi ele quem mostrou que era a hora do rock voltar a ser contestador e divertido. Thunder Road mesmo sem ser a sua canção mais famosa é considerada por vários fãs a sua melhor música. Nela estão vários temas caros à Bruce: o amor pela estrada, os ídolos esquecidos que tocam no carro (olha a paixão pelos excluídos aí de novo) e a certeza de que a felicidade pode ser encontrada nas coisas mais simples. A cançãoexerce um poder e fascínio tão grande que um número considerável de serviços funerários de vítimas do 11 de setembro aconteceram ao som dela.
Sex Pistols
Se nos Estados Unidos o punk não vingou, na Inglaterra a história foi outra. Milhares de jovens cansados da monarquia, do rock pomposo e de tudo que os circundavam resolveram botar tudo abaixo em um dos períodos mais excitantes do rock. Ninguém simbolizou melhor essa geração que os Pistols para o bem (o carisma de Johnny Rotten, os grandes riffs do guitarrista Steve Jones) e para o mal (o niilismo desenfreado que acabou vitimando o segundo baixista Sid Vicious, com meros 21 anos e a ideia de que quase tudo feito ate então no rock deveria ser esquecido). O legado da banda se resume a apenas um disco (fora a trilha de "The Great Rock'n'Roll Swindle") mas ele perdura até hoje, basta ouvir Nirvana, Green Day, Oasis ou basicamente quase todo o melhor rock feito depois de 1977. Desde então vários grupos tentam emular, cada um a seu modo, os riffs de Steve Jones e a postura de Johnny Rotten e suas letras que misturavam raiva, política e bom humor ("eu sou um anarquista, sou o anticristo, não sei o que quero mas como conseguir, eu quero destruir"). Anarchy in UK é tão emblemática que não será surpresa se um dia ela for usada em salas de aula inglesas para explicar qual o era o estado das coisas no meio dos anos 70.
Ramones
Mais uma dúvida: se, como se diz, os Ramones só gravaram trezentas variações de uma única música em toda a sua carreira, bastaria então escolhermos uma canção qualquer do grupo aleatoriamente e tudo estaria resolvido. É claro que não é bem assim. Mesmo trabalhando dentro de uma área bem delimitada - um rock veloz, curto e grosso e quase sem solos - a banda de Nova York tem um punhado de bons discos e um número ainda maior de músicas memoráveis em seu currículo. Blitzkrieg Bop por ter sido a primeira a ser lançada tem importância monolítica e I Wanna Be Sedated foi o grande hit que a banda não teve e merecia (apesar de serem nomes comuns por aqui é bom lembrar que os Ramones nunca venderam bem nos EUA). Então vamos sair pela tangente e escolher Sheena Is A Punk Rocker que além de ser muito querida não só pelos fãs da banda, foi uma das raras faixas do grupo a chegar no top 100 e sintetiza o estilo do grupo - basicamente uma adaptação para os sombrios anos 70 do som alegre e inocente do início dos 60. É sempre bom lembrar que sem os Ramones muitas bandas e gêneros que surgiram depois não existiriam ou seriam bem diferentes (punk inglês, hardcore dos anos 80, grunge, o neo-punk dos anos 90 e muito mais).
David Bowie
David Bowie, ao lado de Brian Eno, seu parceiro na chamada “trilogia de Berlim” (os discos Low, Heroes e Lodger) foi um dos primeiros a sacar a importância do que as bandas alemãs, em particular o Kraftwerk, estavam fazendo. O disco Heroes era repleto de faixas instrumentais que não escondiam em nada o fascínio que ele tinha pela banda. Já a faixa título não tinha quase nada de sutil. Essa trazia um arranjo primoroso, uma letra do tipo que sempre vai fazer sentido para um monte de gente em inúmeras situações ("Nós poderemos ser heróis nem que seja por um dia") e a melhor interpretação de toda a sua carreira. Vira e mexe a canção é regravada (o Blondie soltou uma versão ao vivo com a participação do próprio Bowie ainda em 78, Oasis e Wallflowers lançaram as suas covers nos anos 90) mas a verdade é que é difícil chegar perto do impacto do original.
Bee Gees
Uma das mais peculiares histórias do pop, os irmãos Bee Gees começaram nos anos 60 gravando baladas de sucesso e discos ambiciosos como Odessa e Trafalgar. Em 1975, em baixa, a banda foi gravar com Arif Mardin, veterano produtor da Atlantic, que sugeriu uma guinada para o disco/funk com muito falsete nas vozes. O conselho deu certo e os hits voltaram, mas nada perto do que viria a seguir. Robert Stigwood, dono da RSO, a gravadora do grupo, pediu para eles umas quatro ou cinco músicas para um filme "com o John Travolta" que ele estava produzindo. A história a partir daí é conhecida: o tal filme era "Os Embalos de Sábado à Noite" que espalhou a discoteca pelo planeta e transformou John Travolta e os Bee Gees em ícones da época. A trilha sonora vendeu mais de 30 milhões de cópias graças não só a Stayin' Alive, (a música de abertura) mas também aHow Deep Is Your Love e pela presença de hits de outros artistas como Disco Inferno dos Trammps.
Elvis Costello
Elvis Costello talvez seja o melhor compositor a ter surgido no mundo do rock desde 1977. Ele é eclético e versátil o bastante para se aventurar em diversos gêneros com sucesso e conta com uma inteligência nata para escrever desde canções de amor (e desamor) até músicas raivosas ou irônicas. Em mais de trinta anos de carreira, o cantor lançou vários discos e poucas vezes decepcionou seu público mais do que fiel. A balada Alisonfoi o ponto de partida dessa trajetória vitoriosa e se tornou uma de suas marcas registradas (junto com os óculos e (What's so Funny 'bout) Peace, Love and Understanding, a canção do produtor e artista solo, Nick Lowe que ele tomou para si.
Kraftwerk
Os Beatles da eletrônica, ou se duvidar ainda mais, já que nem todo rock tem influência dos Beatles, mas todo o pop eletrônico deve algo aos alemães do Kraftwerk. Assim como no caso dos grupos progressivos, o som deles não funciona tão bem se ouvido em doses homeopáticas, o legal mesmo é pegar alguns álbuns clássicos do grupo e embarcar na viagem. Se a ideia aqui fosse escolher a faixa mais influente da banda, a escolhida deveria ser Trans-Europe Express, que serviu de base para Planet Rock de Afrika Bambataa, a música que deu início à revolução hip-hop. Entre os hits, The Model, Numbers e a versão editada de Autobahn também são candidatas. Mas The Robots é mesmo a canção símbolo desses homens-máquinas que, como poucos, realmente estavam muito à frente de seu tempo. A versão original presente em the Man machine de 1978 é a mais indicada, mas a revisão presente no álbum The Mix de 1991 também é ótima.
Blondie
De toda a leva de bandas e artistas que movimentou a Nova York dos anos 70 (Patti Smith, New York Dolls, Ramones, Televison, Suicide...) o Blondie foi o mais bem sucedido. Primeiro porque eles faziam um som mais acessível às massas e ainda tinham Debbie Harry, com sua beleza e carisma incomparáveis. O grupo atingiu seu auge artístico e comercial com o álbum Parallel Lines e mais ainda com o compacto Heart Of Glass, que desde 1978 anima as pistas, com sua batida disco (para horror dos punks radicais) e a voz em falsete de Harry. A música é o exemplo claro do quanto um produtor pode transformar uma canção. Heart Of Glass a princípio era um reggae sem maiores atrativos que foi moldada pelo produtor Mike Chapman até atingir a forma que a tornou conhecida.
The Clash
Se os Sex Pistols eram porra-loucas, o Clash respondia pelo lado articulado do punk (e os Buzzcocks pelo romantismo). Desde cedo eles souberam escapar da camisa de força dos três acordes e abrir seus horizontes para o reggae, rockabilly, dub e para o rock clássico. Às vezes podia soar contraditório ver a mesma banda que cantava "Chega de Elvis, Beatles ou Rolling Stones em 1977" ou "a falsa beatlemania comeu poeira" demonstrando tamanho apreço pelo passado, mas como a música fluía bem e soava urgente e moderna, só mesmo quem era xiita reclamava. London Calling a faixa, abria London Calling o disco, com sua introdução marcial e os vocais de Joe Strummer e Mick Jones em conjunto, entrando com a força de generais liderando suas tropas. A influência do quarteto foi enorme nos anos que vieram. Sempre que você vir uma banda empunhando guitarras e gritando palavras de ordem, saiba que eles devem um bocado de coisas a esses ingleses aqui.
Chic
Um gênero sempre tratado com certo desprezo é a disco ou discoteca. É certo que muita bobagem foi gravada aproveitando a onda dos "“embalos de sábado a noite", mas a disco abriu portas (o compacto de 12 polegadas e a volta dos produtores mestres na manipulação de recursos de estúdio por exemplo). O Chic era, como diz seu nome, muito chique. Os homens vestiam ternos, as garotas vestidos de grife e sua música animava as festas mais badaladas do planeta. Mas a banda do baixista Bernard Edwards e do guitarrista Nile Rodgers ia além dessa frivolidade, por ser extremamente potente. Em sua época eles eram "a banda de discoteca que se podia gostar". Hoje ela é apenas uma das mais influentes formações já surgidas. Essa influência pôde ser sentida especialmente nos anos 80 quando Nile Rodgers se tornou um dos mais bem sucedidos produtores da década (Let's dance de David Bowie e Like a Virgin de Madonna são os maiores exemplos). Eles também criaram algumas das melhores linhas de baixo já ouvidas e invariavelmente elas ressurgiram ora adaptadas (como em Another One Bites The Dust do Queen) ou sampleadas mesmo. O baixo de A faixa também serviu de base para o primeiro rap gravado (Rapper's Delight da Sugarhill Gang) e também para o hit 2345meia78 de .
The Police
Ok, o grande momento de Sting e do Police foi Every Breath You Take e estamos conversados. Mas o fato é que o grupo entrou para a história por outros motivos além de ter escrito uma das melhores baladas dos últimos tempos. O grande lance do trio (completado por Andy Summers e Stewart Copeland) foi ter popularizado o termo "reggae de branco", ajudando a tornar o som da Jamaica palatável não só para roqueiros menos abertos mas para o público em geral. O grupo também contrariava a escola punk que dizia que quanto menos se soubesse tocar melhor. Todos os três policiais eram excelentes músicos, mas eles entenderam que o segredo estava na simplicidade. Nenhuma faixa da banda sintetiza melhor tudo que eles fizeram que Message In A Bottle. Dá até pra dizer que sem ela o rock brasileiro dos anos 80 teria sido bem diferente. Que o digam Os Paralamas do Sucesso, Blitz e Léo Jaime.
Pink Floyd
Quando surgiu em 1967 o Pink Floyd rapidamente se tornou a principal banda da cena psicodélica inglesa. Nessa época o líder da banda era Syd Barret (falecido em 2006). O Floyd de Barrett lançou compactos antológicos como See Emily play e Arnold Layne além do disco The Piper at Gates of Dawn. Infelizmente as “experiências" de Barret com alucinógenos não foi das melhores e já em 1968 ele se mostrava impossibilitado de seguir com a banda. Começava então o reinado de Roger Waters que transformou o grupo em uma das primeiras bandas do nascente rock progressivo. Sob o seu comando, eles conquistaram um público enorme ávido pelas viagens instrumentais do grupo e pelas letras paranóicas e depressivas de Roger. A bela Comfortably Numb está em The Wall, praticamente um disco solo de Waters. Uma das poucas exceções é essa música, feita em parceria com o guitarrista David Gilmour. A divisão bem definida entre os dois compositores lembra certos momentos dos Beatles onde se via claramente o que tinha sido feito por cada autor. Infelizmente esses momentos de colaboração foram raros na carreira da banda. Em 1983 eles lançaram The Final Cut (outro "solo" de Waters) e se despediu. Sem Roger os três remanescentes se reuniram e nasceu assim o "terceiro" Pink Floyd, que virou uma máquina de fazer dinheiro, apesar dos narizes torcidos dos fãs mais antigos e de toda a crítica.
Neil Young
Se existe alguém que personifica o rock, esse é Neil Young. Símbolo máximo do artista inquieto que assume os maiores riscos sem se importar com as conseqüências, Neil serve de modelo para quem acha que é possível ter uma carreira longa, instigante e digna. Grosso modo existem dois Neils: um que escreve baladas tranqüilas temperadas pelo folk e country. Esse gravou faixas como Heart of Gold, After the Goldrush e Helpless. O outro gosta de fazer barulho, de preferência ao lado do Crazy Horse, uma das duas ou três melhores bandas acompanhantes de todo o rock. Essa faceta pode ser conferida em discos como Zuma e em canções como Cinnamon Girl e Rockin' In The Free World. My acaba resumindo a questão, já que foi gravada dos dois modos no disco Rust Never Sleeps que tinha um lado elétrico e um acústico. Mais que isso ela é a música símbolo do artista com o famoso verso: "é melhor queimar que esvanecer" citado por Kurt Cobain na carta encontrada ao lado de seu corpo. Por causa disso Young (que viu que uma ou outra ferrugem na lataria não condena o carro por inteiro) disse que não iria mais cantar a canção. Felizmente ele mudou de idéia e a tocou em seu único show no Brasil (em 2001 no Rock in Rio 3).
Joy Division
Em 1979 o punk já dava sinais de desgaste. Foi quando o pós punk então surgiu. Várias bandas abraçaram o gênero (marcado por baixo pulsante, guitarras esparsas e canções intensas mas não necessariamente muito melódicas). O PIL, formado pelo ex-vocalista dos Sex Pistols Johnny Rotten, agora John Lydon, era especializado em experimentar com o reggae e o dub. A Gang of Four misturava punk com funk e muitos outros grupos surgiram expandindo os limites do rock. Acima de todos esses estava o Joy Division, um quarteto de Manchester que começou punk e em dois discos criou um som bastante original (com a ajuda fundamental do produtor Martin Hannet). Boa parte do que é chamado hoje de “rock dos anos 80” tem as suas origens no som da banda. Love Will Tear Us Apart, uma das mais dolorosas canções de amor desde sempre, deveria ter sido o trampolim da banda para o sucesso. Deveria, se Ian Curtis não tivesse se enforcado com apenas 23 anos às vésperas da primeira turnê norte-americana. Tony Wilson, o chefe da gravdora deles, a Factory, contou recentemente que logo depois do ocorrido um ainda jovem Bono lhe disse que estava pronto para assumir a missão de Ian. Os sobreviventes se reorganizaram como numa história que será vista mais adiante.
Motörhead
Os ventos de mudança do punk acabaram dando força também ao heavy metal.Várias bandas surgidas principalmente no fim dos 70 iriam se tornar grandes na década seguinte ou influenciar as futuras gerações de metaleiros. Assim o Judas Priest colocava pitadas de punk e new wave em seu som e chegava ao grande público americano, o Iron Maiden vinha com um som a princípio rude, e depois intrincado, para se tornar um dos maiores nomes de toda a história do gênero e o Def Leppard abria as portas (talvez sem querer) para a fusão do heavy metal com a música pop radiofônica. Mas quem acabou dando as diretrizes para o metal do futuro foi o Motörhead, com seu visual sujo e o som rápido, veloz e nem um pouco sutil. Cria de Lemmy Killmister o grupo abriu as portas para todas as variações underground do metal, que iriam desembocar no sucesso de massa do Metallica. Ace Of Spades é o grande momento do trio, é daquelas faixasque te dão vontade de chutar alguma coisa e você nem sabe o porquê. Se isso é bom ou mal nem vamos discutir, mas quantas músicas conseguem fazer alguém se sentir assim?
Talking Heads
No pop as coisas vem e vão. Nos anos 80 os Talking Heads eram sinônimo de música instigante, inteligente e inovadora. Nessa época não havia nada mais moderno que o disco Remain in Light e sua canção mais conhecida Once In A Lifetime. Com sua mistura de rock, pop transcontinental e letras nonsense, mais a produção de Brian Eno, o disco, e a música, marcaram a década. No resto dos 80's eles atingiram o grande público comBurning Down The House e mostraram que um show filmado poderia ser uma obra de arte em Stop making Sense. Nos anos 90, quando não mais existiam, o grupo raramente era lembrado ou citado. Pior ainda, o líder David Byrne ainda ficou com a fama de artista “cabeça” e aproveitador barato da música brasileira, latina e africana. Hoje tudo mudou. Os discos de sua banda foram relançados em edições luxuosas, a nova geração lhes presta tributo (Franz Ferdinand, Clap Your Hands and Say Yeah e Arcade Fire sendo bons exemplos) e perceberam que o selo do "aproveitador" Byrne estava lançando, e apresentando ao mundo, uns discos esquisitos, de artistas esquisitos de nomes também esquisitos como Mutantes e Tom Zé.
Soft Cell
Caso raro de regravação que supera a original, Tainted Love foi gravada pela primeira vez em 1964 pela cantora de soul Gloria Jones. Mas a versão que até hoje é ouvida (nem que de forma indireta: S.O.S. de Rihanna é construída sobre um sample dela) é a de 1981 gravada pela dupla Soft Cell. A música foi o compacto mais vendido de 1981 na Inglaterra e chegou entre os 10 mais dos EUA. Com o fim do punk um se número de novas vertentes e subvertentes surgiram no horizonte. A do tecnopop foi uma das mais bem sucedidas tanto artística quanto comercialmente e seguiria forte durante o resto da década graças a nomes como Depeche Mode, Human League, Associates e outros que descobriram na eletrônica um jeito novo e criativo de se fazer música. Na segunda metade dos anos 80 o gênero foi perdendo a força, mas grupos como os Pet Shop Boys e oErasure mantiveram a chama do gênero viva.
Prince
Nos anos 80 Prince era o exemplo de artista moderno. Pegava super bem se dizer fã do cara, mesmo sem conseguir atravessar por completo seus álbuns. O fato é que o cantor tinha mesmo a ver com o período: uma época egoísta (por saber tocar mais de 30 instrumentos, ele podia, se quisesse, abdicar de sua banda), com interesses diversos (ali estava um negro que misturava sem cerimônia rock, pop, funk, soul e baladas românticas) e ultra preocupada com estilo e tecnologia. Mas nesse papo todo muitas vezes a gente se esqueceu que Prince era principalmente um compositor com tino para criar grandes compactos de sucesso (Purple Rain, When You Were Mine, When Doves Cry, Kiss, Raspberry Beret...). Dentre essas todas 1999 é a jóia da coroa, com sua introdução climática e a letra que conclama todos a dançarem como se fosse 1999. A música é tão boa que em pleno século 21 ela ainda faz sentido.
Michael Jackson
Michael Jackson já chamava a atenção desde os sete anos quando cantava no Jackson 5 com seus irmãos. No decorrer dos anos setenta tudo foi preparado para que ele se tornasse um dos maiores show man dos Estados Unidos. O primeiro passo foi começar a separá-lo de seus familiares. O segundo foi o disco Off the Wall e sua bem sacada mistura de estilos. O passo final foi o álbum Thriller, projetado milimetricamente para vender milhões. Assim o disco trazia baladas e um dueto com Paul McCartney para os mais velhos e românticos, solo de guitarra do Eddie Van Halen para os roqueiros e funk e r'n'b para os fãs de música negra. Para fechar o pacote vídeos clipes com cara de filme que quebraram de vez o boicote à artistas negros mantido pela MTV. Mas acima de tudo isso, Thriller tinha Billie Jean, exemplo maior do que se chama de pop perfeito, com sua linha de baixo inigualável e talvez o grande motivo pelo qual sempre olharemos para ele com respeito e admiração.
New Order
Durante a década de 80 o Joy Divison foi tomando proporções mitológicas. Os três músicos sobreviventes (acrescidos da tecladista Gillian Gilbert) tomaram a inteligente decisão de, aos poucos, se afastarem da sonoridade da antiga banda. Assim, o som soturno e melancólico, foi dando espaço a uma música dançante, eletrônica e... melancólica. Não seria exagero considerar Blue Monday a canção mais importante dos anos 80. Além de ter se tornado o compacto de 12 polegadas mais vendido da história na Inglaterra, a faixa serviu para quebrar preconceitos, abrindo os olhos dos roqueiros para a dance music (coisa que desde a discoteca não era muito bem vista) e vice-versa. Os descendentes ainda hoje estão surgindo. De Stone Roses ao Prodigy passando pelo Franz Ferdinand muita gente se beneficiou, mesmo que indiretamente, com as lições ensinadas pelo quarteto de Manchester.
R.E.M
Surgido no início dos anos 80, o R.E.M se tornou a banda favorita dos universitários e da crítica. Aos poucos eles se tornaram um dos maiores grupos do planeta. Exemplo de banda íntegra que faz tudo nos seus conformes, o quarteto sempre foi admirado não só pela música como pelo seu jeito simples de ser e de como conseguiu sobreviver à sua maneira dentro da grande máquina da indústria do entretenimento. Radio Free Europe, o primeiro compacto do grupo (lançado em edição limitada em 1981 e regravado dois anos depois para o disco de estreia Murmur), deu início a essa trajetória. Apesar de não ser um dos maiores sucessos da banda ela é importantíssima dentro da história do pop por algumas razões, sendo a principal delas a de ter estimulado um novo salto evolutivo ao rock de sua época (já era 1983 e o pós-punk e a new wave já estavam nas últimas) e por ter ajudado a cunhar o termo college rock (o rock tocado pelas rádios universitárias americanas, que, sem preocupações com audiência abriam seus microfones para toda uma nova geração de artistas). Resumindo, Radio Free Europe é o marco zero do rock alternativo.
Madonna
Com seu primeiro disco Madonna havia conseguido um certo sucesso e criado um bom número de pérolas pop (Borderline, Lucky Star, Holiday...). Com Like A Virgin ela deixou de ser uma artista de sucesso para virar não só a cantora mais bem sucedida da história, mas também um ícone, a mulher com quem os garotos sonhavam e que as meninas queriam ser. E pensar que em 85/86 um monte de gente dizia que a música feita pela cantora era descartável e que ela não duraria nem mais um ano...
The Smiths
A chegada da banda de Morrissey e Johnny Marr na cena pop é um caso de timing perfeito. Em 83, as sonoridades pós punk já davam mostra de cansaço. Sobrava o pop das paradas, encabeçado pelos new romantics Duran Duran e Culture Club que eram, simpáticos, mesmo geniais em certos momentos, mas sem muita utilidade se você buscava emoções menos rasteiras. Dava então para assumir o modelito preto e virar gótico niilista-existencialista (os anos 80 adoravam rótulos, especialmente esses que ninguém conseguia explicar direito) fã de Siouxsie and the Banshees, Bauhaus e The Cure ou senão sentar e esperar por uma banda que te entendesse. Os Smiths chegaram então para falar com todos que se sentiam excluídos da “grande festa da música oitentista”. Estava ali um grupo que soava diferente de quase tudo que viera antes, e, mais notável, sem apelar para experimentações e radicalismos. O som dos Smiths se fundamentou em duas bases: as melodias de Johnny Marr e as letras de Morrissey e seus contos de desilusão, desamor e inadequação aos tempos modernos. O quarteto de Manchester gravou várias obras-primas, mas nenhuma tão perene quanto How soon is now. Afinal quem nunca foi para uma festa com grandes expectativas e voltou pra casa sozinho e amaldiçoando o mundo, que atire a primeira pedra.
Run DMC
Foi esse o disco que abriu de vez as portas do mainstream para o rap. era um antigo hit do Aerosmith, que naquele momento andava em baixa, muito por conta do apetite destrutivo de seus membros. O Run DMC tinha o costume de criar raps em cima da base de Walk This Way, mas sem levar aquilo muito a sério. O produtor Rick Rubin (que se tornou um dos maiores nomes dentro da indústria musical) pirou com aquilo e forçou a banda a gravar imediatamente a música. A regravação ajudou o disco Raising Hell a vender mais de 2.5 milhões de cópias, deu origem a um dos vídeos mais bem feitos que se tem notícia, botou a banda na capa da Rolling Stone (os primeiros artistas de rap a conseguirem o feito) e abriu de vez as portas do mainstream para o hip-hop.
Guns n' Roses
Os anos 80 precisavam de uma banda suja e malvada para estourar a banca, afinal o glam metal (ou hair metal ou, em bom português, metal farofa) estava cansando. Ao mesmo tempo o grande público ainda não estava preparado para as as variantes mais brutas e radicais do metal (Slayer e Metallica a frente). Foi nesse contexto que surgiu o Guns n'Roses. Cinco caras com gosto não só pelo som, como pela vida desregrada de seus maiores ídolos (Led Zeppelin, Aerosmith, e os Rolling Stones dos anos 70). Some a isso um visual certo para agradar à geração MTV e realmente não tinha como dar errado. Mas também não se imaginava que pudesse dar tão certo assim, já que o disco de estreia se tornou um dos dez mais vendidos na história americana. Nenhuma música simboliza melhor o grupo de Slash e Axl Rose que Welcome To The Jungle, com o grande riff de Slash, a letra direta e a sua introdução. É por causa dela que a gente sempre vai perdoar os excessos de megalomania de Axl, os 15 anos sem material novo, as cadeiradas nos repórteres, as bordoadas nos fãs...
My Bloody Valentine
Para parcela da crítica, o último sopro de criatividade dentro do rock foi dado por esse quarteto. O MBV demorou até achar a sua cara definitiva, mas quando ela foi encontrada as marcas deixadas foram profundas. O som da banda era barulhento, e não se fala aqui de velocidade e peso, mas de barulho no sentido literal do termo, uma música recheada de ruídos, microfonias e distorções, numa espécie de "evolução" do som criado peloJesus and Mary Chain. You Made Me Realise saiu em compacto no ano de 1988 e mostrou que o novo MBV iria fazer a diferença. Nos anos seguintes a banda deu origem a um grande número de imitadores e até a um sub-gênero (o shoegazing). Infelizmente o gosto pelo barulho cobrou seu preço.O líder Kevin Shields passou a se dedicar a duas coisas: torrar uma fortuna da gravadora na gravação do disco "Loveless" e a fazer "pesquisas sonoras" para descobrir novos timbres de microfonias e distorções para guitarra. O disco saiu em 1991, e realmente soava diferente de quase tudo que se ouvira até então, mas Shields acabou com problemas graves de audição e a banda entrou em hiato. Shields voltou a dar as caras nos últimos anos: primeiro tocando no Primal Scream (inclusive nos shows brasileiros da banda) e fazendo algumas canções para a trilha do filme "Encontros e Desencontros" de Sofia Copolla. Em 2008 a banda voltou a tocar ao vivo para a surpresa de muitos, mas a espera por um novo disco continua.
Public Enemy
Houve um tempo em que o rap não falava só de vadias, bandidos, traficantes e a necessidade de se ficar rico (e exibir essa riqueza). Foi a chamada era de ouro do hip hop, onde as bandas podiam ser desencanadas (como o De la Soul) ou politizadas. Nessa última vertente ninguém foi mais fundo que o Public Enemy, a banda mais radical surgida nos anos 80. Seu líder Chuck D costumava dizer que o rap era a CNN dos negros e soltava seus discursos polêmicos e raivosos debaixo de uma saraivada de ruídos criados pelo DJ Terminator X. O PE é considerado o melhor grupo de rap e hip-hop já surgido, graças aos seus três primeiros discos e às misturas e colaborações com o pessoal do rock (como Bring the Noise com os metaleiros do Anthrax). Fight The Power mostra o porquê de toda essa importância. Uma música que marcou época principalmente após ter sido usada por Spike Lee na abertura do também marcante "Faça a Coisa Certa". Ficou interessado? Então escute também o segundo disco da banda: It Takes a Nation of Millions to hold Us Back, com vários outros clássicos do hip- hop.
The Stone Roses
Aqui cabe o mesmo raciocínio usado com o Police. Fools Gold costuma ser lembrado pela imprensa e público inglês como o grande momento dessa banda de Manchester. Pode ser, afinal a música que cruzava funk com vocal sussurrado simbolizou a primeira era das raves e fez muita gente cair na dança. Mas o outro grande trunfo dos Stone Roses foi o de trazer de volta um senso de grandeza ao rock inglês. A fórmula não era novidade: um pouquinho de Beatles, outro tanto de rock psicodélico dos anos 60 somados ao lado mais melódico do punk. Tudo coberto com a arrogância típica de Manchester. O resultado dessa receita pode ser conferida em She Bangs The Drums. Por alguns meses eles foram a melhor banda do mundo e em breve iriam se tornar: "O novo U2". O primeiro disco da banda fica melhor a cada ano e já é considerado clássico. Infelizmente logo depois o grupo entrou em litígio com a sua gravadora e demorou quatro anos para lançar o sucessor. Aí já era tarde demais e eles terminaram logo depois, só para ver uma banda, também de Manchester, surgir e levar a cabo o processo começado por eles. O nome dessa banda? Oasis.
Pixies
Os Pixies estão entre as três ou quatro melhores bandas surgidas no underground americano nos anos 80. A mistura de grunhidos, letras nonsense, punk e pop criada por Black Francis e seus companheiros foi o sopro de vida que o rock precisava naquele momento. O impacto maior do grupo se deu na Inglaterra onde eram queridinhos da crítica e do público. Mas não se pode subestimar as conquistas do grupo dentro de seu próprio território. Basta lembrar que Kurt Cobain ao compor Smells Like Teen Spirit estava simplesmente copiando os Pixies, como ele mesmo declarou. Debaser é a faixa de abertura do segundo disco do grupo (terceiro se você considerar o mini-lp C'mon Pilgrim) e mesmo sem ter sido lançada como single tem tudo o que os eles fizeram de melhor: a mistura de pop com barulho e a letra perversa citando “O Cão Andaluz”, clássico filme surrealista de Luiz Buñuel. Com o fim da banda em 1992 Black Francis se tornou Frank Black e lançou vários discos solo. A baixista Kim Deal transformou sua banda paralela, The Breeders, em seu principal ganha pão e emplacou um dos grandes hits do rock alternativo dos anos 90: Cannonball. Em 2004 eles colocaram as desavenças de lado e voltaram a tocar juntos, mas o prometido disco novo ainda não pintou.
U2
Desde 1987 e o estouro de Joshua Tree, o U2 é a maior banda do planeta. Tendências vêm e vão, a crítica reclama se a banda muda de som e também xinga se eles não mudam, o público ameaça trocar de ídolo, mas no fim todo mundo ainda presta atenção aos novos discos da banda, que, verdade seja dita, ainda não se deitou sobre seus louros. Sempre foi interessante ver como não só o U2, mas os seus companheiros de geração em geral, apesar de terem feito um cancioneiro vasto e de qualidade, raramente criaram os chamados standarts, aquelas canções que ganham diversas regravações e que nos dão a impressão que sempre estiveram por aí. One foi a música que mostrou que a geração dos anos 80 também tinha fôlego para criar canções tão duradouras quanto os maiores clássicos do rock das décadas passadas. Nascida em um período complicado para o grupo, que sentiu que precisaria se renovar se quisesse continuar em evidência nos anos 90, One foi a música que mostrou que o grupo estava na direção certa e os impulsionou a terminar o disco Achtung Baby. A música se tornou não apenas o ponto central dos shows da banda dali pra frente como se mostrou uma canção versátil o bastante para ser interpretada tanto por Johnny Cash (que a gravou de forma tocante) quanto porMary J. Blige que a levounovamente às paradas em 2005.
Nirvana
É uma pena que o suicídio de Kurt Cobain tenha, para o bem e para o mal, colocado toda a obra do Nirvana em outra perspectiva. Assim, a música do grupo é vista com um certo desprezo por gente que acha inconcebível que "o som do cara que se deu um tiro na cabeça" seja ouvido com a mesma reverência dos grandes clássicos. Por outro lado, essa mesma reverência torna difícil que se escute o Nirvana pelo que eles foram de melhor: uma grande banda de pop barulhento. Quem está na casa dos 25/30 anos ainda deve se lembrar de como foi ouvir Smells Like Teen Spirit, pela primeira vez, da excitação trazida por aquela música aparentemente banal, da sensação de que os anos 90 estavam começando. Essa é a sensação que deve ser buscada não só quando algum hit da banda tocar, mas principalmente ao se descobrir uma banda nova. A grande lição deixada por Kurt Cobain foi exatamente essa: a de que o rock sempre consegue se reinventar especialmente quando ele parece estar morto.
Massive Attack
A cidade inglesa de Bristol deu a luz ao trip-hop. Um novo gênero que juntava batidas de hip hop, dub jamaicano, rap, soul e rock psicodélico. Os dois maiores expoentes foram o Massive Attack e o Portishead (que poderia estar nessa lista com alguma música do disco Dummy). O Massive está aqui não só porque Unfinished Symphony foi a pioneira do estilo, além de ser uma das melhores baladas soul dos últimos tempos, mas porque dava para ver que ali estava uma banda que iria sempre nos surpreender.
Metallica
Desde 1983 o Metallica era a grande esperança do metal americano. Construindo sua reputação aos poucos, era inevitável que o mega-sucesso finalmente chegasse. E ele chegou em 1991 com o chamado Black Album e seu primeiro single: Enter Sandman. Com seu riff simples e poderoso, gravado perfeitamente por Bob Rock, a música é um dos grandes momentos do rock dos anos 90. Com o “álbum preto” o Metallica mostrou que era possível tornar o thrash metal palatável para as massas sem que isso significasse descaracterização (ainda que os fãs mais radicais jamais tenham aprovado essa “virada de casaca”). Uma lição que continua sendo aplicada por bandas como o System of a Down por exemplo.
Pearl Jam
Que o Nirvana foi a banda mais importante dos anos 90 praticamente não se discute, mas o Pearl Jam foi a mais bem sucedida, principalmente pelo fato de que, ao contrário da banda de Cobain, eles sempre acreditaram mais na mitologia e em um passado glorioso do rock. Verdade seja dita, gostamos de ver os músicos como heróis e não como caras comuns, e ainda que o Eddie Vedder se esforce para parecer um cara qualquer, não é assim que seu público o vê. O Pearl Jam sempre teve uma queda pelo som praticado nos anos 70 por gente como o Led Zeppelin, Neil Young e o Who além da influência do punk e do rock alternativo dos anos 80. Essa mistura agradou não só à molecada mas também aos fãs mais tradicionais de rock que transformaram a banda numa das mais importantes dos últimos anos (basta ver a quantidade de clones de Eddie Vedder que já surgiram desde então), o pontapé inicial dessa trajetória foi Jeremy que apresentou ao público da MTV aquele cantor que fazia umas caras estranhas enquanto o menino se matava na frente dos colegas” ao som de uma música nervosa e dramática.
Oasis
Os detratores do Oasis costumam dizer que a banda não tem valor por três motivos básicos: A - porque sempre fazem a mesma coisa. Argumento razoável, mas de Jorge Ben Jor aos Ramones dá pra fazer uma lista só com gente "que sempre faz a mesma coisa". B – Que eles acabaram com qualquer chance de evolução no rock, jogando a Inglaterra (que sempre se responsabilizou por lançar tendências) em uma onda retrógrada e auto-celebratória. Mais uma vez, ser retrô não é necessariamente algo ruim, e é impossível ir para frente sem conhecer o passado. O lado celebratório tinha razão de ser também, afinal o auge da banda marca o fim do reinado conservador e a chegada de Tony Blair ao poder. E finalmente os ingleses tinham bandas boas o bastante para colocar o país de volta no mapa do pop depois de amargarem anos de obscuridade por conta do grunge, doR.E.M, do Metallica e por aí afora. C - os irmãos Gallagher são um saco. Ok, aí já fica mais difícil a defesa, mas a gente leva para casa o disco e não as pessoas que o fizeram. O grande lance do Oasis foi ter trazido de volta o prazer de se ouvir a música pop de três minutos. Entre os vários compactos do grupo, Live Forever sempre terá um destaque especial, mais até do que Wonderwall, porque ela tem tudo de bom que o Oasis sabe fazer: canções com melodias fortes, instrumental enxuto e ainda uma das melhores interpretações de Liam Gallagher (que no futuro iria exagerar nos maneirismos dando mais lenha para quem detesta a banda). A letra também merece destaque, afinal depois de anos de escritores melancólicos, suicidas ou desesperados encontrar alguém otimista o bastante a ponto de querer “viver para sempre” era um alívio e tanto.
Pulp
Um dos grandes pesares dos anos 90 foi o Pulp não ter repetido no resto do planeta o sucesso que tinha na Inglaterra. Se o senso de humor acurado e talento de contador de histórias de Jarvis Cocker tivessem sido mais ouvidos talvez o rock de hoje estivesse em um patamar mais adiantado e divertido. Apesar de ter estourado em 1996, no auge do britpop, o Pulp estava na estrada há vários anos (16 para ser exato) mas sempre à margem. Tudo mudou com Common People, uma música que misturava tecnopop dos anos 80 com vocais falados como os de Lou Reed nos versos e dramáticos como os de David Bowie no refrão. Isso tudo para contar a ótima história da garota rica que queria viver como uma pessoa comum e pedia dicas para o vocalista.
Underworld
Houve um período nos anos 90 onde a graça era falar que o rock estava morto e que no tecno e na música eletrônica é que estava o futuro. Por um tempo foi engraçado ver roqueiros de coração se arriscando em raves e tentando entender aquela nova música. Assim vai ser difícil deixar de associar a segunda metade dos anos 90 aos breakbeats dos Chemical Brothers, e ao tecno punk do Prodigy. Mas se tem uma música que ainda hoje sempre causa comoção quando toca é Born Slippy do Underworld. A música havia sido lançada sem muito estardalhaço em 1995. Um ano depois ela foi incluída na trilha do filme Trainspotting, e estourou, fazendo até hoje o pessoal berrar “lager,lager,lager” quando a música toca seja na pista ou no palco.
Radiohead
No mundo do rock a lei da física que diz que para cada ação existe uma reação é sempre válida. Em 1997 o Britpop começava a dar sinais de cansaço e era chegada a hora de uma nova guinada. O Radiohead tem uma história curiosa: a princípio foram vistos com desconfiança em seu país porque fizeram primeiro sucesso nos EUA com a música Creep. Para muitos aquele seria mais um caso de “one hit wonders” (artistas que fazem um grande sucesso e somem). O segundo disco já foi mais bem recebido, mas demorou um pouquinho para a crítica se ligar que The Bends estava ganhando um enorme número de fãs e influenciando o surgimento de outras bandas (a imprensa tentou batizar a cena de “New Grave” mas o termo não pegou). Por conta disso, a expectativa para o terceiro disco era grande e Paranoid Android, o primeiro single/aperitivo, mostrou que algo de muito sério estava para acontecer. No lugar do som que cruzava Smiths com Nirvana e Pixies do começo o que se ouviu foi uma música com mais de 5 minutos e cheia de pequenas partes. Houve quem achasse que era a volta do rock progressivo, outros falaram em Bohemian Rhapsody para o novo milênio. Mas isso não importava, importava mesmo é ver que com Paranoid Android (e o disco Ok Computer) o Radiohead voltava a levantar a bandeira do rock experimental e futurista, para alívio de muitos. Essa veia da banda foi sendo aprofundada nos anos seguintes, a ponto de ninguém mais saber dizer se o que a banda de Thom Yorke faz hoje em dia é mesmo rock.
Flaming Lips
O caso dos Flaming Lips é quase que único. Eles estão na estrada desde os anos 80 e no início dos 90 emplacaram o semi-hit She Don't Use Jelly. Na segunda metade da década eles estavam se tornando aquele tipo de banda que só gera interesse entre os fãs mais fiéis. Finalmente o grupo deu sua grande cartada com “The Soft Bulletin”. Um disco repleto de camadas, trucagens de estúdio e grandes melodias. O segundo e maior passo foi dado no disco seguinte: Yoshimi Battles the Pink Robots. Esse era um trabalho conceitual contando a história de hmmm, Yoshimi batalhando com os robôs cor de rosa. O grande momento do disco foi a balada Do You Realize?, tão bela quanto triste ao lembrar que todo mundo que a gente conhece um dia vai morrer. O som viajante dos Flaming Lips, se tornou um dos modelos padrão dentro do rock independente desse novo século, servindo de contraponto ao rock básico de Strokes, White Stripes e Kings of Leon.
White Stripes
No rock o riff deve ser a moeda mais valorizada. Dá pra contar a história do gênero através deles e não tem banda que não se orgulhe quando cria um riff poderoso (veja a animação de Bono quando fala de Vertigo). Seven Nation Army tem um dos melhores riffs já criados e ponto. Pode-se achar Jack White chato e se reclamar que a baterista Meg White não sabe nem sentar no banco e quanto mais tocar bateria, mas não é qualquer um que consegue criar uma canção dessas. Além dela ter se tornado o maior hit dos Stripes (ao lado dos Strokes a banda mais celebrada pela imprensa nesse início de século) virou hino de arquibancada, grito de guerra da “massa funkeira” e, o mais importante, ela é daquelas músicas fáceis de se tocar, ou seja, muita banda e músico vai dizer que essa foi a primeira música que tocaram.
Outkast
Existem canções que sabe-se lá como entram no inconsciente coletivo. Hey Ya! é assim, uma música que uniu por um momento fãs de pop, rock, rap e toda a crítica. O Outkast há tempos já vinha gravando discos e cativando público e jornalistas com sua mistura de rap, soul, funk e pop, que soava como um bálsamo no meio de tanto rapper misógino e metido a bandido. A dupla atingiu o auge com o cd duplo Speakerboxxx/The Love Below (na verdade dois discos solo, cada um feito por uma de suas metades – Big Boi e Andre Benjamin) e criou uma música que para sempre vai nos remeter aos primeiros anos do século XXI.
Green Day
Engraçado que tenha cabido ao Green Day, uma banda que sempre se pautou no bom humor e inconseqüência, o papel de criar as canções de protesto que marcarão os sombrios anos Bush. Quando o trio disse que iria lançar um disco conceitual sobre o atual momento norte-americano, a maioria riu. Quando, meses depois, o cd estourou a banca, todos se calaram. Dentre os vários hits de American Idiot essa balada é a que provavelmente irá ficar por mais tempo na memória das pessoas, muito graças ao seu vídeo que mostrou que certas situações só vistas em filmes sobre o Vietnã estavam acontecendo novamente bem na nossa cara.
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